Com valorização acima de US$ 123 mil em julho, criptomoeda mais famosa do mundo atrai capital institucional e muda de status, deixando de ser um ativo marginal para se tornar uma ferramenta estratégica

O Bitcoin ultrapassou, neste mês de julho, a marca dos US$ 123 mil, atingindo o maior valor desde sua criação, em 2009. Segundo especialistas, a disparada do preço é resultado de uma combinação de fatores: regulação favorável nos Estados Unidos, aporte bilionário de grandes gestoras em ETFs e a consolidação da imagem do criptoativo como reserva de valor.

De acordo com dados do setor, apenas em 2025 os fundos de ETFs de Bitcoin captaram cerca de US$ 14,8 bilhões. Outro ponto de destaque foi a Crypto Week, realizada no Congresso dos EUA, que discutiu projetos como o Clarity Act e o Anti-CBDC Act, reforçando a confiança dos investidores. Além disso, a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin pelo governo americano fortaleceu a percepção do ativo como instrumento de segurança nacional.

Para o contador e consultor financeiro André Charone, autor do best-seller A Verdade Sobre o Dinheiro, o atual movimento não se trata de uma euforia especulativa, mas de um novo ciclo para a criptomoeda.

“O Bitcoin deixou de ser aquele ativo marginalizado, desacreditado, movido a memes de internet. Hoje, é uma ferramenta estratégica usada por grandes fundos e, inclusive, por governos. É o sistema financeiro tradicional que agora precisa correr atrás”, afirma Charone.

O especialista aponta que a infraestrutura institucional robusta, com auditoria e custódia segura dos ETFs, trouxe credibilidade e atraiu investidores mais conservadores. “Desta vez, temos lastro. A entrada dos ETFs spot e o avanço regulatório mostram que a valorização não é apenas uma bolha, mas resultado de fundamentos sólidos”, avalia.

Charone também destaca que o Bitcoin vem sendo utilizado como ferramenta de proteção patrimonial, especialmente entre investidores de alta renda e famílias empresárias.
“Com a instabilidade política e fiscal na América Latina, ativos como o Bitcoin começam a ser vistos como uma reserva global. Não se trata apenas de valorização, mas de manter parte do patrimônio fora do sistema bancário tradicional”, explica.

A estratégia tem sido usada para diversificação cambial e blindagem contra políticas fiscais imprevisíveis. “A lógica é simples: quem tem patrimônio não quer depender do humor do governo de plantão. O Bitcoin é a versão moderna do ouro”, compara.

Apesar do otimismo, a volatilidade do Bitcoin permanece um fator de risco. “Não é porque rompeu um recorde que está livre de correções. O mesmo mercado que sobe 30% em um mês pode cair 20% em uma semana”, alerta Charone.

No Brasil, os ETFs de criptomoedas seguem crescendo, mas a regulamentação ainda é vista como um entrave. “A Receita Federal exige a declaração das criptomoedas, mas o marco regulatório ainda é fragmentado, o que afasta grandes investidores”, pontua.

O novo recorde histórico do Bitcoin representa um momento de virada para o ativo digital. Com maior aceitação institucional e avanço regulatório, ele começa a se consolidar como componente legítimo das carteiras de investimento.
“Ainda é cedo para prever até onde o BTC pode ir, mas é inegável que ele deixou de ser uma moda passageira. Hoje, é um protagonista do mercado financeiro global”, conclui Charone.

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