Relatório da Fundação Dom Cabral e do Instituto Identidades do Brasil indica que justiça climática, diversidade e inclusão estão cada vez mais ligadas à competitividade e sustentabilidade das empresas

A diversidade e a inclusão (D&I) já não são apenas pautas sociais, mas também estratégicas para os negócios. É o que mostra a edição 2025 do Report de Tendências do Propositividade, elaborado pela Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). O levantamento indica que 69,6% das lideranças empresariais brasileiras enxergam a D&I como fator direto de inovação e desempenho. Além disso, 51,8% acreditam que a justiça climática e a diversidade terão ainda mais relevância nos próximos anos.

A pesquisa ouviu 160 executivos e gestores de diferentes setores e traça um panorama sobre como práticas de D&I e ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) são percebidas e aplicadas no país.

Apesar do otimismo, o estudo revela lacunas importantes: 47% das empresas ainda não têm estratégias relacionadas à justiça climática, embora o relatório destaque que eventos climáticos extremos impactam de forma desproporcional populações vulneráveis e grupos historicamente marginalizados.

Para Elisângela Furtado, professora da FDC e uma das responsáveis pela pesquisa, o cenário exige integração entre pautas sociais e ambientais. “O mundo corporativo começa a entender que não existe sustentabilidade sem justiça social e que não há justiça social sem diversidade. A integração de D&I e justiça climática fortalece a resiliência das empresas e as prepara para um futuro mais exigente em termos ambientais e sociais”, afirma.

Segundo ela, esse movimento não é apenas ético, mas também econômico. “O investimento nesses temas pode reduzir custos, como os passivos trabalhistas e judiciais, além de ser um meio para captura de valor”, destaca.

Tendências futuras

O relatório aponta seis tendências que devem orientar a agenda corporativa nos próximos anos:

  1. IA inclusiva – Adoção de inteligência artificial ética e livre de vieses, com auditoria de algoritmos e design acessível.
  2. Retomada indígena – Crescente participação de povos indígenas no mercado de trabalho, exigindo revisão das políticas de D&I.
  3. Imigrantes subutilizados – Necessidade de estratégias específicas para inclusão de imigrantes, cuja taxa de desemprego é três vezes maior que a média nacional.
  4. Saúde mental – Combate ao aumento de afastamentos por ansiedade e depressão, com criação de comitês, treinamentos e jornadas adaptadas.
  5. Neurodiversidade – Inclusão de pessoas neurodivergentes com adaptações sensoriais, planos de carreira específicos e novos formatos de contratação.
  6. Diversidade geracional – Aproveitamento da convivência de até quatro gerações no ambiente de trabalho, ainda pouco explorada em planos estratégicos.

O estudo reforça que a integração entre diversidade, inclusão e justiça climática será determinante para empresas que buscam competitividade e sustentabilidade nos próximos anos.

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