Durante a COP 30, entidades do setor de biocombustíveis destacaram o biodiesel como alternativa já disponível para reduzir emissões no transporte e impulsionar desenvolvimento econômico e social no país

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada no Brasil, abriu espaço para debates sobre ações concretas capazes de acelerar a transição energética. Nesse contexto, associações brasileiras do setor de biocombustíveis divulgaram um manifesto reforçando o papel estratégico do biodiesel como uma solução imediata, com potencial para descarbonizar modais rodoviários, ferroviários e navais.

O movimento ocorre em um momento em que o Brasil apresentou seu plano de ação para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, compromisso que já reúne mais de 23 países signatários. As entidades defendem que o biodiesel — com duas décadas de produção consolidada no país — é uma ferramenta essencial para cumprir metas climáticas e ampliar o acesso a energia limpa em larga escala.

Hoje, o país conta com 58 usinas distribuídas em 14 estados, com capacidade autorizada pela ANP de 15,6 bilhões de litros ao ano, suficiente para atender uma mistura de 22% no diesel utilizado nacionalmente. O setor também destaca que o biocombustível movimenta cadeias produtivas diversas, gera emprego de qualidade e fortalece o agronegócio.

Segundo o manifesto, o biodiesel tem impacto direto e mensurável: reduz emissões em até 94%, envolve 300 mil agricultores familiares, injeta R$ 9 bilhões anuais na compra de matérias-primas e multiplica retornos econômicos — cada R$ 1 investido no setor gera R$ 4,40 na economia nacional. A mistura atual, de 15% (B15), já reduz em cerca de 674 milhões de litros ao ano a dependência de diesel importado, gerando economia de US$ 470 milhões.

As associações também ressaltam o impacto ambiental já alcançado. Desde o início da produção, o país evitou a emissão de 127 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, número comparado à preservação de quase 1 bilhão de árvores.

O documento lembra que a produção nacional segue padrões rigorosos de qualidade determinados pela ANP e aponta benefícios indiretos à saúde pública, como a redução de doenças causadas pela poluição atmosférica — fator que afeta produtividade econômica e sobrecarrega sistemas de saúde.

Segurança alimentar e impacto econômico

Um dos pontos enfatizados é a relação entre o avanço do biodiesel e a redução no custo das proteínas animais. Como cerca de 75% da matéria-prima utilizada é óleo de soja, o processo estimula o esmagamento do grão, aumentando a oferta de farelo para ração. Em 2023, esse movimento gerou economia de R$ 3,5 bilhões na produção de proteínas animais, contribuindo para preços mais acessíveis ao consumidor e menor pressão inflacionária.

As entidades afirmam que o país já possui um combustível renovável, competitivo e inclusivo, capaz de gerar renda no campo, reduzir emissões e apoiar metas de transição energética. Por isso, defendem que o biodiesel seja tratado como vetor estratégico de desenvolvimento.

Diretrizes defendidas pelo setor

No documento, as associações pedem avanços em frentes consideradas essenciais:

  • continuidade e aprimoramento de políticas públicas como o Combustível do Futuro;
  • estímulo ao desenvolvimento de novas matérias-primas e variedades agrícolas, com atenção especial à agricultura familiar;
  • expansão da produção em conformidade com legislações ambientais e com a Política Nacional de Biocombustíveis;
  • fortalecimento de sistemas de controle e avaliação de qualidade em toda a cadeia;
  • combate a desinformação sobre o biodiesel e reforço ao papel de liderança sustentável do Brasil.

As entidades concluem que o biodiesel brasileiro reúne credenciais técnicas, sociais e ambientais que o posicionam como uma das soluções mais maduras para a agenda climática global e para a construção de uma economia mais verde e inclusiva.

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