Na era digital, o acesso a conteúdos literários está mais fácil do que nunca. Com alguns cliques, podemos baixar uma infinidade de e-books, desde clássicos até guias práticos, muitos gratuitos ou a baixo custo. No entanto, um fenômeno curioso se destaca: acumulamos uma biblioteca repleta de conteúdos que desconhecemos.
Este fato não se limita a livros digitais; quem nunca deixou um livro encostado na estante, ainda na embalagem?
Por que isso acontece? Por que continuamos a acumulá-los?
A resposta pode não ser o mais importante. Neste artigo, exploraremos as razões por trás desse comportamento e refletiremos sobre o valor da leitura em um mundo saturado de informações e compromissos.
Seguiremos sob dois aspectos:
-Ganhos: Começando pelo positivo, é importante entender os benefícios de ler esses livros. A pergunta central é: quais leituras trarão os resultados que você precisa?
Sabemos que livros podem contribuir muito com nosso autodesenvolvimento porém, por muitas vezes, esquecemos os motivos que nos levaram a comprá-los ou baixá-los. Simplesmente os adquirimos sem que reflitam o que realmente importa. O resultado é a falta motivação para essas leituras, não há ganhos claros em troca do nosso tempo. Em meio a tantas responsabilidades, como parar para ler?
Uma vez ganhei um livro que estava em alta, um best seller, mas não consegui encaixá-lo nas minhas leituras. Ficou em uma gaveta por anos. Você tem algum assim em casa ou no escritório? Se sim, olhe para os livros que baixou ou que tem na estante e comece a seleção.
-Perdas: Considere o custo de ter esses livros fechados, tanto os comprados quanto os que ganhou. Todos têm um custo: financeiro, de espaço físico, no seu dispositivo eletrônico ou emocional. Este último eu considero o mais importante: quanto pesa a frustração de não ter conseguido realizar as leituras que se propôs?
O livro que ganhei me incomodava; sentia-me mal por não lê-lo e desorganizada, apesar de estar bem em outras áreas e ler outros livros. Sentia-me ingrata com quem me presenteou e evitava falar sobre o livro para não revelar que não o li.
A escolha consciente de um livro é fundamental para transformar a leitura em uma experiência enriquecedora. Definir objetivos claros, seja para crescimento pessoal ou entretenimento, aumenta as chances de se conectar com a obra e extrair aprendizado e prazer. No artigo de fevereiro, vimos que muitas pessoas negligenciam essa escolha. Sem um objetivo claro, o livro pode acabar esquecido.
Cada livro tem o potencial de abrir novas perspectivas, mas isso depende de uma seleção cuidadosa. Uma abordagem que aprendi com a mestre em organização Marie Kondo é simples: ao segurar cada livro, pergunte-se: “Este livro me traz alegria?” Se a resposta for sim, siga em frente. Depois, será apenas uma questão de ordem de leitura, enquanto os livros que não fazem sentido se afastam de você.
Fiz isso com aquele livro que ganhei e foi libertador. Decidi não lê-lo por não alinhar-se aos meus obejtivos e valores naquele momento, e ao fazer isso, me perdoei por tê-lo deixado em espera por tanto tempo. Além disso, fiquei em paz com quem me presenteou.
Portanto, ao escolher sua próxima leitura, reserve um tempo para refletir sobre suas necessidades e interesses. Assim, você garantirá que cada página lida seja uma oportunidade de crescimento e satisfação – e sem culpa -, evitando que os livros permaneçam esquecidos e embalados.
A leitura deve ser uma jornada gratificante, e a escolha atenta é o primeiro passo para alcançá-la. O que decide fazer agora?

Érica Borgonovi é formada em Letras, pós-graduada em Linguística e especialista em linguagem, construção do e-Learning e andragogia. Com ampla experiência como master coach, atuou em projetos de treinamento corporativo em grandes empresas, como Avon Cosméticos e Banco Bradesco. Autora de diversos livros voltados ao desenvolvimento pessoal e profissional, é cofundadora do Instituto Eu Ser, que desenvolve soluções exclusivas para o aprimoramento de pessoas, equipes e empresas. Criadora de um método exclusivo para incentivar o hábito de leitura, Érica se dedica a projetos transformadores que promovem o autodesenvolvimento e o gosto pelos livros, conduzindo clubes nos quais compartilha estratégias práticas para enriquecer a vida pessoal e profissional por meio da literatura.