Indicador registrou queda de 2,6 pontos, refletindo pessimismo diante da inflação de alimentos e da alta dos juros
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo FGV IBRE, caiu 2,6 pontos em fevereiro, atingindo 83,6 pontos — o menor nível desde agosto de 2022, quando registrou 82,1 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 3,6 pontos, chegando a 87,0 pontos.
“Ao recuar pela terceira vez seguida, a confiança do consumidor acumula mais de 10 pontos de queda, impulsionada pela deterioração das expectativas futuras. O resultado confirma um maior pessimismo entre os consumidores nesse início de ano, disseminado entre as faixas de renda e mais forte para aqueles de menor poder aquisitivo. O mal-estar é resultado da piora da inflação de alimentos, que reduz o poder de compra das famílias em bens essenciais, e da elevação da taxa de juros, que agrava a situação financeira das famílias”, explica Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Intenção de compra de bens duráveis atinge menor nível desde agosto de 2022
A queda do ICC foi puxada principalmente pelas expectativas dos consumidores. O Índice de Expectativas (IE) recuou 4,3 pontos, chegando a 87,3 pontos — sua terceira queda consecutiva. Já o Índice de Situação Atual (ISA) se manteve estável em 79,4 pontos.
Entre os indicadores avaliados, a intenção de compra de bens duráveis teve a maior retração, caindo 9,9 pontos e atingindo 75,2 pontos, o menor nível desde agosto de 2022. Além disso, as perspectivas sobre a situação financeira futura das famílias caíram 3,0 pontos, para 89,5 pontos, enquanto a percepção sobre a situação financeira atual recuou 0,9 ponto, chegando a 68,8 pontos.
Por outro lado, os indicadores que avaliam a situação econômica atual e futura do país apresentaram leve alta, com variações de 0,9 e 0,3 ponto, atingindo 90,4 e 98,6 pontos, respectivamente.
Impacto maior para famílias de baixa renda
O pessimismo atingiu todas as faixas de renda, sendo mais acentuado entre os consumidores com rendimento de até R$ 2.100,00. Segundo especialistas, esse grupo sente mais intensamente os efeitos da inflação e das dificuldades financeiras.

