Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude. O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.”

Com o trecho acima reproduzido (os grifos são meus), o Banco Central praticamente encerrou sua Nota referente à 247a. reunião do Copom, realizada nos últimos dias 14 e 15.  Em 10 de junho, o BC publicara uma versão parcial do Relatório Focus (ainda “parcial”, por conta da greve dos funcionários do BC), no qual foram resumidas expectativas de IPCA, Taxa Selic, Variação do PIB e Câmbio, para este ano e para 2023. No que se refere à taxa Selic, as expectativas apresentadas foram 13,25% a.a. (2022) e 9,75% a.a. (2023). Vale destacar que essa última “expectativa do mercado” parece ter considerado a então esperada alta de 0,5 ponto percentual, na meta da Taxa Selic, como última do ano.

Agora, por favor, voltem ao início deste texto e releiam o primeiro período (“Para a próxima…magnitude”). Em nome da transparência, uma característica que o Banco Central tem buscado reafirmar, ele já adverte que a expectativa de 13,25% a.a. para a Selic ao final de 2022, pode merecer atenção, afinal o COPOM deverá se reunir em mais 4 oportunidades, até dezembro próximo, e a probabilidade de que a meta encerre o ano superando a “atual” é expressiva. Entretanto, atenção! É necessário considerar que não há certeza de que a próxima meta (13,50% a.a., por exemplo) será mantida ou superada nas próximas reuniões; em tese, ela poderá retornar aos 13,25% a.a. (ou menos) nas últimas 3 reuniões do COPOM. Meu cenário base, entretanto, considera 13,50% um número mínimo, para a Selic-meta no fim de 2022.

O que chamo de “meu cenário base” resulta de uma grande preocupação com a tendência da inflação (mundial e local), haja vista as questões que envolvem os preços de combustíveis, a performance do câmbio e perspectivas para o cenário político local, nos meses próximos.

A principal intenção deste texto não é noticiar, afinal, a imprensa especializada tem sido bastante ágil em cumprir essa tarefa – minha atuação nessa frente não é necessária, portanto. Meu objetivo com a presente publicação é alertar, uma vez mais (!!), os leitores interessados em compreender melhor os sinais emitidos (ininterruptamente) pela Economia e, assim, elaborar planos melhores, para suas gestões, particularmente no curto prazo. Muita atenção, prezados! Os “sinais” da Economia, devem ser usados pelos planejadores corporativos, com a certeza de que essa mesma Economia não tem (nem poderia ter) o compromisso de emitir sinais iguais por qualquer que seja o período. São necessários o acompanhamento e a análise incessantes, pois tudo depende de muita coisa (existirá alguma afirmação mais aterrorizante do que essa, para o planejador?)

Mais… aproximam-se dois importantes marcos, no que se refere à concepção de cenários:  (1) em 16 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá novos presidente e vice-presidente: os ministros Alexandre de Moraes, respectivamente, eleitos no último dia 14. Os mercados acompanharão, com potentes lupas, o clima institucional reinante na relação do TSE com o Poder Executivo. Que assistamos ao melhor para o Brasil e para os brasileiros! (2) Eleições Gerais, em 2 de outubro e, se necessário um 2º. turno, 30 de outubro. A aproximação desse evento singular, será acompanhada por todos os agentes econômicos e políticos, por óbvias causas, com presumíveis implicações no relacionamento do Brasil com outros Estados. O segundo semestre exigirá excepcional atenção dos planejadores corporativos.

Até breve!

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