Decisão do Comitê de Política Monetária confirma expectativa do mercado e reflete cenário de incertezas fiscais e externas
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (30), está alinhada com as projeções da maioria dos analistas de mercado.
Cenário inflacionário ainda exige atenção
Apesar da desaceleração da atividade econômica e da valorização do real – fatores que, em tese, reduziriam a pressão sobre os preços –, o Copom optou por manter os juros elevados. A avaliação é de que a inflação acumulada permanece muito acima da meta definida para o ano.
Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), a política monetária precisa continuar restritiva. “Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica interna e da valorização do real, que tendem a diminuir a pressão sobre os preços, a inflação acumulada se mantém muito acima da meta anual, num contexto de expansão fiscal, expectativas inflacionárias ainda desancoradas e maiores incertezas externas, derivadas da política comercial norte-americana, justificando uma política monetária mais cautelosa”, analisa.
Expectativas para os próximos meses
O comunicado oficial do Copom, que acompanha a decisão, será observado de perto pelo mercado. A leitura do documento pode oferecer pistas sobre os próximos passos do Banco Central.
“Em todo caso, também será muito importante considerar o comunicado após a divulgação da resolução do Copom, para avaliar as causas da decisão, se esta foi unânime, e qual o cenário de inflação visualizado pelo Comitê durante o horizonte relevante de política monetária, podendo ser uma sinalização sobre o início da redução dos juros básicos”, conclui Ruiz de Gamboa.

