Relatório do Fórum Econômico Mundial aponta queda do país no índice de igualdade de gênero; práticas adotadas por empresas nacionais indicam caminhos para reverter o cenário
O Brasil caiu duas posições no Global Gender Gap Report 2025, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, e ocupa agora a 72ª colocação no ranking de igualdade de gênero. O índice geral de paridade entre homens e mulheres no país ficou em 72%, enquanto a média mundial é de 68,8%. O estudo aponta que, no ritmo atual, a igualdade plena só será atingida em 123 anos. A Islândia lidera o ranking pelo 16º ano consecutivo, com 92,6% de paridade.
Resultados por área
O único pilar em que o Brasil atingiu 100% de paridade foi o da educação, superando os 99,6% registrados em 2024. Em saúde e sobrevivência, o índice caiu de 98% para 97,7%, fazendo o país perder da 1ª para a 28ª posição. Em participação econômica e oportunidades, houve recuo de 66,7% para 66,2%, com queda do 88º para o 96º lugar. A presença feminina em cargos de liderança sênior caiu de 66,1% para 65%, e a equidade salarial está em 53,4%, colocando o Brasil na 118ª posição. A participação das mulheres na força de trabalho manteve-se em 72,6%, ainda abaixo do recorde de 77,2% alcançado em 2021.
Boas práticas empresariais
Apesar dos dados negativos, algumas empresas têm adotado práticas para reduzir desigualdades. A Bravo, especializada em soluções contábeis, fiscais e financeiras, mantém 70% de mulheres em cargos de liderança e adota políticas como equidade salarial por função, licença parental igualitária e incentivo à formação em tecnologia.
“Aqui, sei que posso crescer com segurança. A liderança valoriza resultados, não gênero. Isso muda tudo para quem sempre teve que provar duas vezes mais”, afirma Regina Calil, vice-presidente da Bravo.
Segundo o CEO Marcos Gimenez, ampliar a presença feminina em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática é parte da estratégia da empresa. “Não basta formar mulheres em tecnologia, é preciso abrir espaço para que elas possam atuar, crescer e liderar”, diz.
Contexto internacional
O relatório mostra que países mais bem colocados no ranking, como Islândia, Finlândia, Noruega e Nova Zelândia, investem na inclusão feminina em áreas STEM, adotam políticas afirmativas, metas de paridade e medidas de combate à violência de gênero.
Desafios e caminhos
Especialistas apontam que, para avançar, o Brasil precisa de ações conjuntas entre governo, setor privado e sociedade civil. Medidas como cotas parlamentares, financiamento de campanhas femininas, creches públicas e incentivos à contratação podem contribuir para acelerar a mudança.

