O Brasil é referência na reciclagem de embalagens pós-consumo na América Latina, principalmente no reaproveitamento de garrafas PET, mas enfrenta desafios que podem frear o crescimento da economia circular
O país destaca-se como um dos líderes regionais na reciclagem de PET, resultado de investimentos, inovação tecnológica e parcerias com cooperativas. No entanto, fatores estruturais e conjunturais ameaçam essa evolução.
Nos últimos meses, o consumo de resinas recicladas desacelerou, afetado por um cenário econômico mais restritivo e pela reavaliação de projetos por grandes indústrias. A falta de políticas públicas estáveis e robustas também fragiliza a sustentabilidade do setor, que enfrenta custos logísticos elevados e falta de infraestrutura adequada para coleta seletiva.
Desafios do setor
Além da competição com o material virgem, que sofre oscilações de preço, muitas marcas ainda resistem a incorporar conteúdo reciclado, seja por receios técnicos, estéticos ou desconhecimento regulatório.
Potencial e oportunidades
Apesar dos desafios, a reciclagem de PET é apontada como uma solução real e escalável para a crise ambiental. Tecnologias avançadas permitem a mistura eficiente de resinas recicladas e virgens, com certificações que garantem qualidade e rastreabilidade.
Investimentos em inovação, expansão da capacidade produtiva, fortalecimento de parcerias e uso de instrumentos financeiros sustentáveis, como títulos verdes, são caminhos indicados para o setor avançar.
Engajamento coletivo
O sucesso da reciclagem depende também do comprometimento dos consumidores, marcas e do poder público. A separação correta dos resíduos, metas ambientais concretas e incentivos regulatórios são essenciais para destravar o potencial da economia circular no Brasil.
“A economia circular é uma das respostas mais eficientes à emergência climática. Ignorar esse caminho é andar na contramão de uma tendência irreversível. O Brasil já provou que pode liderar esse movimento, mas precisa garantir que os avanços não se percam”, afirma Irineu Bueno Barbosa Júnior, especialista em sustentabilidade.

