Vamos refletir um pouco sobre a importância da qualidade da formação no ensino básico, médio e superior no desempenho do seu negócio?

Batalhamos todos os dias, “de sol a sol”, para manter o cumprimento de nossas obrigações: pagamento de funcionários e encargos sociais e trabalhistas (EST), fornecedores, bancos (dependendo da necessidade de crédito da empresa junto as instituições financeiras), despesas (Administrativas, Recursos Humanos – RH, Marketing e Vendas, Contabilidade e Finanças, Tecnologia da Informação e Comunicação – TICs, serviços Jurídicos, entre outras) e impostos, para obtermos algum lucro.

O Lucro não é um “pecado” ou um “mau”: toda pessoa empreendedora corre riscos, batalha na organização do seu negócio e deve obter esse tipo de renda. Você sabe o que enfrenta e o que estou expressando.

A lucratividade e taxa de crescimento das empresas, níveis demanda no mercado de trabalho, renda, bem-estar dos trabalhadores e capacidade de arrecadação do governo para ofertar bens públicos essências (segurança e justiça, serviços de educação e de saúde) dependem dos níveis de produtividade do trabalho e da capacidade das empresas em se manterem operantes de forma eficiente e eficaz (atingir metas a baixo custo).

Empreendedores e trabalhadores sustentam o setor público. Quanto maior a produtividade do trabalho, maiores os benefícios para a sociedade. Esta depende dos níveis e qualidade da oferta da educação. Cabe ao Estado ofertar e ou regular a oferta púbica e privada nos três níveis de educação: ensino fundamental, médio e superior.

Ao estudar e avaliar o papel das empresas em relação a tal assunto, tive a oportunidade de estudar o tema Economia do Trabalho, por meio do livro de George Borjas, Labour Economics < https://www.amazon.com.br/Labor-Economics-George-J-Borjas/dp/007802188X >.

Nesse best-seller, Borjas apresenta dois conceitos: treinamento específico e treinamento geral. Enquanto o primeiro só possui relevância enquanto o trabalhador permanecer trabalhando na empresa, o segundo, possui potencial de incrementar a produtividade do trabalhador em qualquer empresa em que esse venha a atuar. São treinamentos em idiomas, matemática, português e ou vinculados as TIC’s, providos pelas empresas. Ambos representam gastos adicionais para essas como meio de suprir suas necessidades operacionais.

Mas vamos refletir mais sobre o ensino no Brasil. Apresento três perspectivas: (1) investimento na educação pública, (2) desempenho do Brasil no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e (3) produtividade do trabalho.

É importante destacar que, ao avaliar a crise e o desempenho da educação superior no Brasil e seu consequente impacto na performance das empresas e sobre o sistema de ensino superior, temos de refletir sobre tais dimensões.

  • Investimento na educação pública: estatísticas indicam que o Brasil investe muito no ensino superior, mas possui baixa eficiência na educação básica, ou seja, os alunos que conseguem chegar no ensino superior possuem pouca base para seguir adiante;
  • Desempenho do Brasil no PISA (ranking internacional que referência a educação mundial): nessa avaliação o Brasil ficou com notas ruins em relação a diversos países que possuem baixa renda relativa;
  • Produtividade do trabalho: embora vários elementos estejam por trás dessa variável, como o “alto custo Brasil” (elevado custo e precariedade da infraestrutura, EST e carga tributária), a produtividade do trabalho no Brasil é baixa.

Ainda não há estudos sistemáticos, mas ao conversar com diversos gestores de instituições de ensino superior (IES), a demanda por esse serviço depende de três elementos: marca (prestígio nacional e ou regional da IES), localização (a IES está bem localizada, facilitando o acesso do aluno e de seus docentes e ou colaboradores?) e preço (a educação é um bem de luxo e quedas na renda das famílias provocam um efeito substituição, ou seja, os alunos tenderão a priorizar demandas básicas, como alimento, moradia ou lazer, em detrimento aos gastos com ensino).

Por outro lado, do ponto de vista das IES’s e dos profissionais que nessas atuam, temos de considerar que, por força da legislação, até 40% das disciplinas oferecidas no ensino presencial podem ser feitas por meio do ensino a distância (EAD). Tal regra impacta a qualidade do ensino e precariza a oferta de quadros qualificados no ensino e na formação dos alunos egressos das IES’s.

Nada contra essa modalidade de ensino, mas há ainda uma canibalização na oferta das instituições de ensino superior devido a oferta de inúmeros cursos em EAD, presencial e semipresencial, de qualidade duvidosa. Não se trata de crítica ao EAD, mas pensar na qualidade do sistema de ensino superior e sua importância sistêmica.

Reforçam a crise no sistema de ensino superior a queda de alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio. Devido a pandemia, milhares de alunos abandonaram o ensino fundamental e médio, fato que reduziu a demanda e precarizou a oferta de quadros qualificados de alunos egressos e de serviços das IES’s.

Embora alguns especialistas afirmem que houve substancial aumento nos investimentos na área de ensino no Brasil, mesmo afirmando que isso leva tempo para gerar resultados, não tivemos êxito nas avaliações internacionais nos últimos anos. O Brasil permanece nas últimas posições do PISA.

Ante esse cenário, a produtividade do trabalho, a renda de trabalhadores e das empresas permanecem comprometendo nosso potencial de crescimento econômico e a geração de emprego e renda.

Já passou da hora de pensar em tais temas e atuarmos para propormos mudanças estruturais significativas.

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