Você já parou pra pensar em como a Geração Y (os millennials) vive uma espécie de “síndrome do irmão do meio”?
Nem com a autoridade dos mais velhos.
Nem com o barulho dos mais novos.
No meio. Silenciosamente sobrecarregados. Invisíveis.
Eu venho estudando a comunicação entre gerações nos últimos anos. E quanto mais eu mergulho, mais percebo que a Geração Y carrega uma dor não verbalizada: A de ser o elo que ninguém celebrou, mas todo mundo cobrou.
O primogênito (Geração X ou Boomers)? Ganhou responsabilidade, comando, autoridade.
O caçula (Gen Z)? Começou a ganhar atenção, escuta, adaptação. (Com ASPAS, pois não é uma realidade em todos os ambientes)
E a Geração Y?
Ganhou boleto. Ganhou burnout. Ganhou liderança sem preparo e cobrança sem contexto.
São os millennials que hoje lideram times, pagam a conta da transformação digital, escutam a Geração Z e ainda respondem para chefes da Geração X. Estão no meio do sanduíche.
Só que ninguém avisou que eles seriam o recheio que sustenta tudo.
Essa geração foi ensinada que precisava:
- Se formar.
- Trabalhar duro.
- Comprar casa.
- Casar.
- Ser promovido.
- Estar online.
- Se reinventar.
Tudo isso ao mesmo tempo. Sem pausa. Sem terapia. Sem entender que o jogo mudou.
Aí veio a pandemia. A transformação digital. O home office. O turnover. A Geração Z chegando com novas pautas. E quem teve que dar conta?
Os irmãos do meio.
Esses Dados me faz olhar com mais carinho para os Gen Y
- 61% dos millennials no Brasil já passaram por burnout, segundo pesquisa da ISMA-BR.
- 1 em cada 3 millennials sente que seu trabalho não tem propósito claro (Deloitte Millennial Survey).
- A maior parte das lideranças operacionais atuais nas empresas brasileiras está entre 30 e 42 anos, ou seja, millennials pressionados por dois lados.
A geração que mais estudou.
A que mais se endividou.
A que mais acreditou que a meritocracia ia resolver tudo.
E agora se vê cobrada para liderar, conectar gerações, formar cultura, reter talentos, comunicar com clareza, enquanto ainda tenta entender quem ela é no meio disso tudo.
Talvez, e só Talvez, a reflexão for:
E se a grande crise do engajamento nas empresas não for culpa da Geração Z…
Mas de uma Geração Y exausta, sem espaço pra falar, liderando no automático, sem nunca ter sido ouvida de verdade?
Como consultor de comunicação geracional, eu vejo isso todos os dias, empresas tentando reter a Gen Z com puffs e cursos de LinkedIn, mas que nunca sentaram com os líderes millennials pra perguntar:
“Ei, como você tá?”
“Você estava preparado para liderar?”
“Faz sentido pra você o que está sendo construído aqui?”
Gen Y vocês não precisam dar conta de tudo.
Mas talvez o próximo passo seja parar de carregar esse meio do caminho sozinho, e começar a construir pontes com clareza, estratégia e escuta.
Essa é a provocação que lanço…
Pra que você não precise mais fingir que dá conta de tudo só porque não é o caçula, nem o primogênito.
Você pode se tornar ponte.
Você é meio.
Mas também pode ser protagonista.

Palestrante, comunicador e entusiasta das gerações. Estuda recursos humanos e empreende nas áreas de Comunicação e Marketing. Criou a primeira agência de marketing do Brasil focada em comunicação geracional (Pós Z Company), sediada em Bragança Paulista, onde atualmente só contrata colaboradores da Geração Z e Geração Alpha. Dedica-se a construir um ecossistema de comunicação geracional para preparar jovens para o mercado de trabalho futuro e conscientizar as empresas para receberem esses jovens com sua nova agenda e visão de mundo.


Uma percepção incrível e verdadeira da realidade atualmente ! Me identifiquei muito. Artigo digno de leitura
Obrigado Carla pelo seu comentário, alguém precisava tocar nesse assunto… é delicado, mas precisamos trazer isso a tona, só assim poderemos evoluir entre as gerações.
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