Além do aumento das tarifas sobre exportações brasileiras, o crescimento das alíquotas de importação dos Estados Unidos gera apreensão e pode refletir em alta nos preços para o consumidor nacional

A sobretaxa aplicada pelo governo norte-americano em boa parte dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos deve afetar 77,8% dessas exportações, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Contudo, especialistas alertam para os efeitos preocupantes também sobre as importações brasileiras provenientes dos EUA.

De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham), divulgados no Monitor do Comércio Brasil-EUA, as importações do Brasil originadas nos Estados Unidos cresceram 11,5% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Estado de São Paulo é o principal destino desses produtos, respondendo por 31,2% das compras, seguido pelo Rio de Janeiro (21,3%) e Bahia (5,6%).

Produtos importados em destaque
Entre os principais produtos importados estão óleos combustíveis (37,1%), petróleo bruto (35,7%), aeronaves (35,7%) e máquinas não elétricas (26,2%). Medicamentos e produtos farmacêuticos também apresentaram crescimento significativo, com aumentos de 30,1% e 19,3%, respectivamente.

Possível repercussão da Lei da Reciprocidade Econômica
Para o advogado tributarista Nicholas Coppi, a conjuntura atual requer soluções negociadas no curto prazo, especialmente diante da possibilidade de aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril de 2025. A lei permite suspensão de concessões comerciais e investimentos em resposta a medidas unilaterais que prejudiquem a competitividade brasileira.

Caso a lei seja aplicada, Coppi alerta que isso poderá elevar o custo dos produtos importados dos EUA, impactando diretamente o consumidor brasileiro. Ele destaca o setor farmacêutico como um dos mais vulneráveis, lembrando que o Brasil importou cerca de US$ 10 bilhões em itens médicos em 2024, grande parte oriunda dos Estados Unidos. A Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo) projeta um aumento de até 30% nos preços de produtos e medicamentos, incluindo tratamentos para câncer e doenças raras.

Economia brasileira e política protecionista
O especialista ressalta que o Brasil mantém uma política econômica protecionista, com taxas médias de importação de 12,4%, bem acima da média dos EUA, que é 2,7%, segundo levantamento do Banco Mundial. Coppi aponta que essa realidade merece revisão para melhorar a competitividade e a dinâmica comercial do país.

Apreensão no mercado
Tanto consumidores quanto empresários de diferentes setores manifestam preocupação diante das incertezas geradas pelo tarifaço imposto pelo governo americano. Nicholas Coppi recomenda a busca por especialistas tributários para avaliação personalizada de soluções diante do cenário econômico atual, que permanece instável.

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