IBGE aponta aumento de pessoas com ensino superior, mas Serasa revela alto índice de universitários endividados; hipergamia surge como alternativa para custear estudos
O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta um crescimento significativo no número de pessoas com ensino superior completo no Brasil. De 2000 a 2022, a proporção de graduados na população com 25 anos ou mais passou de 6,8% para 18,4%, um avanço de 2,7 vezes.
Durante a apresentação do levantamento, a diretora de Geociências do IBGE, Maria do Carmo Bueno, destacou que os novos dados ampliam a visão sobre o nível de escolaridade da população. “Agora, com os resultados da amostra, temos um acréscimo enorme com dados relacionados ao nível de educação, para avaliar como estamos evoluindo”, explicou.
O estudo também aponta que o nível de instrução das mulheres supera o dos homens. Em 2022, 20,7% das mulheres com 25 anos ou mais tinham ensino superior completo, contra 15,8% dos homens da mesma faixa etária.
Dívidas e abandono do ensino superior
Apesar do crescimento no número de formados, a inadimplência no ensino superior ainda é um problema. Uma pesquisa da Serasa, divulgada em janeiro, revela que 40% dos universitários precisaram trancar o curso por falta de condições para pagar as mensalidades.
Diante desse cenário, muitos jovens recorrem a alternativas para continuar seus estudos, como financiamentos, programas de bolsas e até relações pessoais que envolvem apoio financeiro.
Hipergamia como alternativa para custear os estudos
Um levantamento do site MeuPatrocínio, especializado em relacionamentos hipergâmicos, indica que mais de 80% dos usuários cadastrados na plataforma ajudam financeiramente seus parceiros na educação, cobrindo mensalidades, livros e outras despesas acadêmicas.
Maiara*, moradora de São Caetano do Sul, conheceu a plataforma em 2024 e, meses depois, encontrou um parceiro disposto a custear sua graduação em Direito. “No início, eu desconfiei, mas ele disse que queria me ver crescer e se sentiria honrado em fazer parte disso. Agora, vou retomar as aulas em março com todas as dívidas pagas e os três primeiros boletos do ano quitados”, conta a estudante de 24 anos.
Segundo dados do IBGE, Direito é o terceiro curso com mais formados no Brasil, atrás apenas de formação de professores e administração.
Para Caio Bittencourt, especialista em relacionamentos do MeuPatrocínio, o apoio financeiro dentro da hipergamia ainda enfrenta preconceitos, mas pode ser uma solução viável para muitas pessoas. “Ter um parceiro que investe na vida acadêmica e profissional da companheira mostra o quanto ele quer vê-la crescer e se tornar financeiramente independente”, afirma.
*O nome foi trocado pois a entrevistada pediu anonimato