Da Redação. Por: Luana Gasparetto.
Apesar do momento difícil para as startups de modo geral, com quedas significativas em seus resultados, especialistas estão otimistas e apostam que elas voltarão a crescer após as eleições. Seguindo essa tendência, a Região Bragantina oferece oportunidades e capacitação para quem deseja empreender com inovação.
É senso comum que o mercado de startups passa por um momento conturbado. Mas quanto? No segundo trimestre deste ano, os fundos de Venture Capital (VC), que são voltados para investimentos em startups, somaram US$ 120 bilhões — 26% abaixo do trimestre anterior e 27% abaixo do mesmo período em 2021. Para os padrões deste tipo de investimento, uma queda maior que 25% já representa uma desaceleração significativa, e é especialmente preocupante o fato deste último trimestre ter tido uma queda 20% maior do que em qualquer outro de 2020 ou 2019.
De acordo com o advogado especializado em startups Giulio Franchi, da Jacinto, Vilela, Brito e Franchi Advogados, “embora os investimentos em startups sejam direcionados para perfis mais agressivos de investidores, em muitos casos é possível diminuir os riscos com o acompanhamento da operação e processos de due diligence, que ajudem o investidor a enxergar os possíveis problemas previamente e criem os mecanismos corretos para protegê-lo.” Para o advogado, “os melhores retornos possuem riscos maiores e saber mitigá-los com sabedoria é a chave para transformar as possibilidades de investimento em grandes oportunidades”.
Ao olharmos os investimentos por estágio das startups, usando a comparação com o mesmo trimestre do ano passado, os números ficam assim:
*Empresas em estágio avançado: queda de 30% nos investimentos captados
*Empresas em estágio inicial: queda de 17%
*Empresas em estágio de sementes: aumento de 9%
Apesar do momento difícil, os VCs dos EUA tiveram, sozinhos, um retorno dos investimentos em startups de quase US$122 bilhões até este momento de 2022. Pra se ter uma ideia, ao longo de todo o ano de 2021, esse valor ficou próximo a US$139 bilhões. Até a Sequoia, um dos primeiros VCs a alertar sobre os tempos difíceis, está levantando dois novos fundos, totalizando até US$ 2,25 bilhões.
Isso não significa que o mercado não está na baixa. A exemplo da Klarna, grandes startups estão reduzindo seu valor de mercado ao fazerem novas rodadas de investimento — e, pelo visto, outras devem seguir na mesma linha nos próximos meses.
Ainda, de acordo com Eduardo Helaehil, outro especialista da mesma banca que Franchi, “o reflexo da pandemia atingiu o mercado de startups, já que muitos investidores exigiram o retorno de aportes realizados no passado, mas a fase de queda se estabilizará a partir das eleições presidenciais, com a promessa de tração da economia“. Helaehil complementa: “de 2019 para 2022, o número de startups dobrou segundo apuração da Abstartups, indicando que ainda se trata de um mercado em ascensão, já que muitas têm o potencial de escala futura“.
Seguindo essa linha de raciocínio e olhando para o futuro, mesmo que a tendência dos investimentos de risco seja continuar reduzindo nos próximos meses, por outro lado, ainda há muito dinheiro circulando. E, agora, os investidores parecem estar focando antes em lucratividade e depois em crescimento.
Como reflexo dessas tendências globais, percebe-se na Região Bragantina – assim como em outras do interior paulista -, um movimento maior no incentivo a startups. A cidade de Atibaia, por exemplo, tem se mostrada bem empenhada em acolher as startups locais e ativar esse segmento de empreendedores para novas expansões profissionais e econômicas locais.
Em parceria com a Prefeitura de Atibaia, o Sebrae lançou este ano o Programa Start Atibaia, com o objetivo de fomentar e apoiar, por meio de consultorias, o surgimento de projetos de inovações, atendendo às mais diversas necessidades dos pequenos negócios inovadores.
Segundo Fernanda Bueno, consultora de Marketing do Sebrae, o objetivo do projeto Start Atibaia é dar o impulso inicial e apoiar o desenvolvimento do ecossistema de inovação no município, ao movimentar e despertar o interesse de mais pessoas em empreender em novas soluções. “O projeto ainda é inicial em Atibaia. Tínhamos o limite de dez empresas participantes e até o momento já temos nove inscritas. Então é um sucesso para nós já termos conseguido esse número de inscrições em tão pouco tempo”. A ideia é formar um time para auxiliar e gerar relatórios sobre o status de cada empresa e, principalmente, ajudar a superar um dos principais desafios em seu desenvolvimento, como validar sua proposta de valor e seu modelo de negócio, construindo algo que tenha aceitação no mercado.
Bueno falou sobre a importância dessa nova oportunidade para a região: “As Startups da região costumam ir para São Paulo ou São José dos Campos, onde há incubadoras de empresas. Elas vão onde tem esse ecossistema. Como hoje existe o trabalho remoto, para elas não importa a localidade. O nosso desejo é desenvolver isso em Atibaia, pois ainda não existem incubadoras aqui, ou, se há, nós desconhecemos. Queremos conhecer empresas, trazer ações frequentes como oficinas, encontros, palestras e debates para que possam enxergar que esse ecossistema existe em Atibaia e queiram ficar por aqui.”
A ação do Sebrae é gratuita e faz parte do Programa Conecta Atibaia, contando com a parceria de empresas privadas, instituições de ensino e entidades locais.
Para mais informações, entre em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Atibaia pelo e-mail: desenvolvimento@atibaia.sp.gov.br.