Número de acidentes de trabalho no Brasil continua alto, mesmo com o uso obrigatório de EPIs; especialistas alertam que, sem uma gestão adequada e treinamento contínuo, os EPI’s não são suficientes para evitar tragédias

Os acidentes de trabalho, especialmente em áreas de maior risco, têm sido um grande problema no Brasil. Como medida preventiva, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é obrigatório, mas, em muitos casos, apenas entregar os equipamentos não é suficiente para evitar ocorrências graves.

Entre 2012 e 2018, mais de 30 mil trabalhadores morreram em acidentes de trabalho no país, segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho. A construção civil e a agricultura estão entre os setores mais afetados. Isso mostra que, além de disponibilizar EPIs, é preciso garantir que os colaboradores saibam como usá-los corretamente.

Thiago Avelino, técnico em Segurança do Trabalho e CEO da SafetyTec, explica que a solução pode ser simples, desde que seja tratada com atenção. “O EPI pode evitar acidentes sérios, mas isso só acontece se a pessoa souber como e quando usar o equipamento. Não adianta fornecer sem explicar. Por isso, acompanhar quais peças estão sendo negligenciadas e investir em treinamentos constantes é essencial”, reforça.

Como melhorar a segurança no trabalho

Uma boa gestão de segurança envolve múltiplos fatores. Segundo Avelino, é importante fazer um acompanhamento de novos possíveis riscos no ambiente de trabalho, adaptar os equipamentos às funções de cada profissional e manter o monitoramento como parte das prioridades do dia a dia. “Se a empresa não fizer uma gestão ativa da segurança, os acidentes vão continuar acontecendo. O foco tem que ser prevenir, e não esperar que algo ruim aconteça para agir”, explica.

Além disso, investir em tecnologia para monitorar riscos e avaliar constantemente as condições de trabalho também é uma ótima forma de melhorar a segurança. Empresas que levam a sério essas medidas conseguem reduzir bastante os acidentes e, ao mesmo tempo, criam um ambiente de trabalho mais produtivo. Isso impacta diretamente na moral e no engajamento dos colaboradores.

Outro ponto importante é garantir que os equipamentos de segurança sejam adequados às atividades exercidas. Cada função em um ambiente de risco exige um tipo de EPI específico, e cabe à empresa garantir que seus trabalhadores estejam usando os equipamentos corretos, além de verificar periodicamente o estado desses itens. “Datas de validade não são meras sugestões. Engenheiros e cientistas estudaram a periodicidade ideal de cada produto para que o consumidor final se sinta protegido. Elas são um sinal de alerta que não devem ser desconsiderados”, pontua.

Cultura de segurança precisa ser prioridade

A cultura de segurança começa com lideranças comprometidas e com a comunicação clara entre todos os níveis da empresa. Quando os líderes promovem essa prioridade e incentivam o diálogo sobre o tema, os colaboradores se sentem mais motivados a adotar práticas corretas.

Uma cultura de segurança em uma empresa pode ser vista em práticas como a realização de treinamentos regulares para ensinar o uso correto de EPIs, a promoção de reuniões semanais para discutir medidas preventivas e acidentes recentes e a implementação de sistemas de comunicação rápida para relatar riscos. Além disso, trabalhadores são estimulados a sugerir melhorias, relatar irregularidades e participar ativamente na prevenção de acidentes, o que cria um ambiente colaborativo.

Avelino ainda completa que este é um objetivo de médio e longo prazo. Porém, quanto antes iniciado, mais rápido dá frutos. “Segurança no trabalho não é um gasto, é um investimento no que as empresas têm de mais valioso: seu capital humano”, conclui.

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