Uso de resinas pós-consumo (PCR) impulsiona a economia circular e prepara empresas para novas exigências legais no Brasil

Reciclagem de plástico ganha protagonismo com nova regulamentação federal
Com a iminente regulamentação sobre a circulação e reciclagem de plásticos no Brasil, o setor de embalagens tem buscado alternativas sustentáveis para se adaptar às novas exigências. A principal aposta é o uso de plástico reciclado — especialmente a resina pós-consumo (PCR) — como forma de mitigar impactos ambientais, reduzir custos e impulsionar a economia circular no país.

Transição verde movimenta empregos e inovação
De acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a economia circular tem potencial para gerar até 7 milhões de empregos no mundo, sendo 4,8 milhões apenas na América Latina e Caribe. No Brasil, empresas como a Resiban, em parceria com a eureciclo, vêm se destacando por transformar resíduos plásticos, como sacolas, em matéria-prima de alta qualidade para novas embalagens.

Substituição viável e redução de emissões
A substituição de materiais virgens por reciclados representa um caminho viável para a sustentabilidade, com ganhos econômicos e ambientais. Segundo a WWF, o uso de papel reciclado pode reduzir em até 80% as emissões de carbono em relação ao papel virgem. No caso dos plásticos, a adaptação de centros de distribuição para reutilização de embalagens secundárias tem evitado descartes desnecessários e elevado os índices de reaproveitamento.

Demanda do mercado e pressão regulatória aceleram mudanças
Tânia Sassioto, diretora de inovação da eureciclo, destaca que “o trabalho em rede é essencial para fortalecer a cadeia de reciclagem, especialmente para materiais de menor valor econômico, como o PEBD, que hoje tem apenas 8,8% de reaproveitamento”. Já o PET alcança 47%.
João Paulo Sanfins, diretor da Resiban, analisa que “há uma tendência clara de crescimento nas embalagens secundárias, tanto por exigências legais quanto pela demanda dos consumidores por produtos mais sustentáveis”. Segundo ele, o mercado pode gerar uma nova demanda estimada em 336 mil toneladas por ano.

Controle de qualidade e rastreabilidade como diferencial
A Resiban opera com rigoroso controle técnico: a cada lote produzido, uma amostra é analisada quanto à fluidez, densidade, umidade e presença de géis. “Aplicamos o mesmo conceito técnico da resina virgem à PCR, garantindo desempenho similar em máquinas industriais”, explica Sanfins.

A empresa já detém 5% do mercado nacional de resinas PCR e figura entre as cinco maiores recicladoras de PEBD do Brasil, com capacidade atual de 6 mil toneladas por ano. Até 2032, pretende atingir a marca de 30 mil toneladas anuais e se consolidar como a maior planta do país.

Selo de qualidade e impacto socioambiental
A Resiban é a primeira da América Latina a receber o selo americano APR-PCR, que atesta a qualidade e rastreabilidade de suas resinas. Já a eureciclo, que atua na rastreabilidade de resíduos e estruturação da cadeia de logística reversa, contabiliza mais de 1,5 milhão de toneladas de resíduos destinados corretamente desde 2016, com impacto direto em 16 mil famílias e mais de R$ 92 milhões distribuídos a cooperativas e operadores parceiros.

Educação ambiental e metas globais
Relatórios da Ellen MacArthur Foundation apontam o uso de materiais reciclados como essencial para atingir as metas de circularidade até 2030, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. No Brasil, apenas 11,7% do plástico consumido é reciclado — índice que a nova regulamentação e iniciativas do setor esperam ampliar de forma significativa.

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