Site mal estruturado, cap table confuso e branding desalinhado comprometem a captação de recursos, apontam especialistas do setor

Atenção aos detalhes que vão além do pitch

Na busca por investimentos, muitos empreendedores se concentram no pitch e nos números, mas ignoram fatores que podem afastar investidores logo no primeiro contato. Dados da 2ª Pesquisa Nacional Sobre o Impacto das Relações Públicas no Mercado de Inovação, realizada pela Motim, mostram que 55% dos investidores consideram a clareza da proposta de valor e do posicionamento como fator decisivo para um aporte.

Além da narrativa, aspectos como site mal estruturado, cap table desorganizado e branding desalinhado são barreiras que afetam diretamente a percepção dos investidores.

Site mal estruturado impacta a percepção

Para Guilherme Ferreira, CEO da Atomsix, o site é um dos primeiros pontos analisados. Páginas lentas, com navegação confusa ou sem adaptação para dispositivos móveis passam a imagem de uma operação pouco profissional.

“Para o investidor, a forma como a empresa apresenta seu produto digital diz muito sobre como ela organiza suas entregas. Site fora do ar, páginas lentas ou conteúdo confuso geram dúvidas sobre o restante da operação”, afirma.

A experiência mobile também é essencial. Segundo o Panorama da Geração de Leads no Brasil, quase 70% dos acessos aos sites acontecem por smartphones. “Se o site não está preparado para o mobile, isso pode indicar falta de prioridade no que deveria ser essencial”, reforça Guilherme.

Cap table confuso e discurso desalinhado são sinais de alerta

Martin Brownrigg, analista de data center da Triven, destaca que erros na estrutura societária afastam investidores. Segundo dados da VentureBeat, 40% das startups apresentam problemas no cap table.

“Com um cap table poluído no início da jornada, o investidor enxerga um sinal de alerta. Isso pode não travar uma rodada Seed, mas complica rodadas Série A em diante”, explica. “Manter um cap table limpo é indicativo da capacidade do founder em organização, governança e tomada de decisões difíceis com foco no crescimento sustentável”, complementa.

Outro ponto crítico é a inconsistência entre discurso e operação. “Mais do que acreditar na solução, investidores tomam decisões com base na percepção da capacidade de execução do plano de negócios por parte do founder”, afirma Martin.

Branding desalinhado prejudica credibilidade

Nomes desconectados da atividade, identidades visuais genéricas ou com aparência amadora geram ruído desde o primeiro contato. “Quando o investidor precisa decifrar o que a empresa faz, isso sinaliza que o negócio talvez não tenha clareza interna sobre sua proposta”, explica Guilherme Ferreira.

O desalinhamento entre branding e produto também compromete a credibilidade. “O branding não precisa ser sofisticado, mas precisa ser coerente com o mercado e com o estágio da empresa. A falta dessa coerência gera insegurança sobre o grau de preparo da equipe para escalar”, finaliza.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *