Decisão reduz impactos sobre setores exportadores do Brasil, mas pressões internas nos EUA e o cenário geopolítico seguem no centro das negociações

O governo dos Estados Unidos ampliou a lista de produtos brasileiros isentos da tarifa adicional de 40%, retirando itens como carne, café, frutas e outros derivados agrícolas. A ordem executiva assinada por Donald Trump reduz parte dos efeitos provocados pela cobrança imposta de maneira unilateral e que atingiu setores relevantes da economia nacional.

Entre os itens retirados da lista estão café — do qual o Brasil fornece cerca de um terço do consumo americano — carne, açaí, manga, banana, cacau e tomate. A medida ocorre após Trump sinalizar, na Assembleia Geral da ONU, que estava disposto a renegociar as tarifas. Desde então, diplomatas brasileiros avançaram nas tratativas para aproveitar a janela de negociação aberta.

Segundo Fernanda Brandão, doutora em Relações Internacionais e coordenadora do curso de RI da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, a decisão resulta tanto da disposição brasileira ao diálogo quanto de pressões internas nos Estados Unidos. A inflação de alimentos tem preocupado a Casa Branca e o Congresso, especialmente às vésperas das eleições legislativas de 2026, quando os republicanos tentam manter a maioria nas duas casas.

A ordem assinada por Trump também prevê a possibilidade de reembolso dos valores pagos durante a vigência da tarifa, o que pode atenuar prejuízos de exportadores brasileiros afetados nos últimos meses.

Embora o anúncio represente um alívio, o governo brasileiro segue negociando a retirada completa da taxa extra. Especialistas destacam que a medida reforça a necessidade de ampliar a diversificação da pauta exportadora para diminuir a dependência do mercado americano, que tem sido marcado por decisões tarifárias com motivação política.

O tema também se entrelaça a questões geopolíticas mais amplas. Com o aumento das tensões envolvendo a Venezuela e especulações sobre uma possível intervenção americana no país vizinho, a manutenção de canais diplomáticos abertos é vista como essencial para o Brasil, que seria diretamente impactado. Em paralelo, o país precisa equilibrar sua relação com os Estados Unidos em um contexto de disputa crescente por influência na América Latina, especialmente na competição entre Washington e Pequim.

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