Com aumento de 47,5% de turistas internacionais e recorde de gastos, especialistas indicam ações para qualificar e organizar o setor
O turismo brasileiro vive um momento de expansão sem precedentes. Dados do Banco Central mostram que turistas estrangeiros gastaram US$ 7,8 bilhões entre julho de 2024 e junho de 2025, valor recorde na série histórica iniciada em 1995. Entre janeiro e julho de 2025, quase 6 milhões de visitantes internacionais desembarcaram no País, aumento de 47,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento é impulsionado por eventos culturais e esportivos, câmbio favorável, maior conectividade aérea e promoção internacional mais estruturada.
Oportunidade para consolidar o setor
Segundo Marco Antonio de Araujo Jr., advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB, o momento é estratégico para estruturar o setor. “Estamos diante de uma oportunidade concreta para transformar o turismo em um vetor econômico consistente. Isso exige políticas públicas articuladas, segurança jurídica para turistas e empresas, e profissionalização dos serviços”, afirma.
Fatores que atraem turistas
O especialista destaca que o crescimento decorre de uma combinação de fatores: demanda global reprimida após a pandemia, diversidade de atrativos, câmbio favorável, ampliação de voos internacionais e promoção do destino. Marco Antonio também vê potencial no turismo doméstico, ressaltando que a redescoberta de destinos pelo público nacional pode se consolidar com incentivos adequados, transporte acessível e fortalecimento regional.
Regulamentação e qualificação como prioridades
O Projeto de Lei 20/2025, que propõe o Código Brasileiro de Defesa do Turista, está em debate no Congresso. “O turista é um consumidor em deslocamento, muitas vezes em situação de vulnerabilidade. Ter regras claras é essencial. Mas é preciso cuidado para não criar exigências que encareçam os serviços e afastem investimentos”, pondera Marco Antonio.
O advogado ressalta a importância de preparo técnico, contratos claros e protocolos de segurança, especialmente no turismo de aventura e no atendimento a turistas internacionais. Ele destaca a necessidade de planos de contingência, comunicação multilíngue e atuação coordenada entre órgãos públicos e missões diplomáticas.
Perspectivas e desafios
Para o especialista, o crescimento será sustentável apenas com preparo institucional, segurança jurídica e investimento contínuo na experiência do visitante. “O Brasil tem tudo para se consolidar como um dos principais destinos do mundo, mas isso exige visão estratégica e ação coordenada entre governo, empresas e sociedade civil”, conclui.