Segundo pesquisa da ABRAINC em parceria com a Deloitte, imóveis do programa Casa Verde Amarela mostram resiliência diante da inflação e da alta taxa de juros
O setor imobiliário residencial brasileiro sofreu uma leve retração em demanda e vendas de imóveis no segundo trimestre do ano. Apesar disso, ambos os índices se mantiveram em uma condição considerada de manutenção de mercado. Essa é uma das principais conclusões da 6ª edição do Indicador de Confiança do Setor Imobiliário Residencial, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) em parceria com a Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo. O cenário é sustentado pelo segmento CVA (Casa Verde e Amarela), já que medidas do governo no programa trouxeram melhora. Os preços dos imóveis residenciais seguiram em alta no período, mesmo com taxas de crescimento menores que em trimestres anteriores. A maior parte dos executivos ainda deve lançar e adquirir terrenos em 12 meses, conforme mostravam edições anteriores do relatório.
De acordo com a pesquisa, realizada com 44 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial entre 29 de julho e 11 de julho, o índice de preços do indicador de confiança do setor imobiliário residencial seguiu em alta e registrou crescimento de 10,5% no segundo trimestre, em relação ao anterior. Apesar desse aumento, este é o menor percentual de crescimento entre trimestres da série. A maior taxa realizada foi no trimestre do ano passado, quando registrou alta de 23% frente ao período anterior. Os preços dos insumos do setor também seguem na mesma direção. Os resultados deste trimestre indicam que a demanda e as vendas retraíram, pressionadas pelo segmento de MAP (Médio e Alto Padrão). Por mais que todos os índices para CVA tenham crescido em relação ao trimestre anterior, mostrando resiliência diante da inflação e alta taxa de juros, não foi suficiente para sustentar o geral.
A demanda tem sido enfraquecida pela redução no poder de compra da população. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, foi de 11,9% no acumulado em 12 meses até junho passado. A expectativa de compra de terreno teve leve recuperação, possibilitada pela melhora na perspectiva para CVA. Quanto aos lançamentos em 12 meses, segue em bons patamares, com destaque positivo para MAP.
Para o presidente da ABRAINC, Luiz França, a estabilidade verificada no setor imobiliário residencial no 2° trimestre traz boas perspectivas. “As medidas do governo para incentivo ao CVA já estão surtindo efeitos na procura por imóveis, o que melhora a expectativa dos empresários em adquirir terrenos nos próximos 12 meses. Vale destacar, ainda, que segue em bons patamares as estimativas para lançamentos no próximo ano, com destaque positivo para o MAP no 2° trimestre. A expectativa de elevação dos valores das unidades deve aquecer o mercado no segundo semestre, podendo provocar a antecipação de compra por parte do consumidor e atraindo mais pessoas interessadas neste tipo de investimento“, destaca o executivo.
O índice de procura por imóveis para o mercado de CVA voltou aos patamares do final de 2020, apresentando leve melhora nos últimos dois trimestres. Por outro lado, a demanda por MAP segue em queda, influenciada por um cenário econômico mais desafiador no período. O índice de vendas geral no trimestre teve leve queda, pressionado por MAP, que teve redução de 10 pontos. O índice de CVA, por sua vez, seguiu a curva de recuperação já notada no período anterior, ultrapassando o de MAP pela primeira vez na série histórica da pesquisa. A expectativa para CVA segue alta para os próximos 12 meses. Apesar de o percentual geral do 2º trimestre de 2022 ser o menor da série histórica, a expectativa para novos lançamentos manteve um bom patamar, com destaque positivo para o mercado de médio e alto padrão.