Levantamento da empresa MASV revelou ainda que 73% desses creators não foram pagos pelo UGC; diretor de talentos internacionais da Viral Nation, Fabio Gonçalves explica como os criadores podem se proteger

Um levantamento recente realizado pela empresa de software de vídeo MASV, em parceria com a empresa de pesquisa Dynata, mostrou que cerca de metade dos creators (47%) já tiveram seus vídeos usados por marcas, em campanhas de marketing, sem permissão. A mesma pesquisa apontou que 73% desses influenciadores não foram pagos pelo UGC (User Generated Content, em tradução livre “conteúdo gerado pelo usuário”). 

O conteúdo gerado pelo usuário é todo tipo de conteúdo produzido pelo consumidor final a respeito de um produto ou serviço de uma marca. Classificações, reviews, fotos e vídeos em postagens nas redes sociais são alguns exemplos. Ferramenta de marketing de extrema importância para diversas empresas nos dias atuais, o UGC é levado em consideração por 85% dos consumidores antes de fazer uma compra, de acordo com a mesma pesquisa realizada pela MASV. Além disso, foi mostrado que 81% dos usuários dizem que vídeos gerados por usuários são mais confiáveis do que qualquer outro conteúdo de marca.

Tradução livre da legenda: “Um total de 47% dos criadores que tiveram seu conteúdo usado por marcas ou influenciadores afirmam que seus vídeos foram usados sem permissão.
Tradução livre da pergunta: “Criadores: se a marca ou influenciador usou seu vídeo, eles pediram permissão?” (imagem: divulgação)

Tendo sua importância constatada pelas empresas e ratificada pelos dados de pesquisa, o crescimento da utilização do UGC no mercado de marketing de influência é notável. Tal impacto, porém, reflete diretamente no uso não autorizado da ferramenta, que segundo o levantamento, é predominante. De acordo com Fabio Gonçalves, diretor de talentos internacionais da Viral Nation e especialista em marketing de influência, o motivo principal pelo uso indevido de conteúdo se dá pelo baixo risco que a prática emprega.

Fábio Gonçalves (foto: divulgação)

Muitas marcas operam sob a percepção de que o risco de enfrentar consequências legais ou danos à reputação é baixo. Isso ocorre porque a fiscalização de violações de direitos autorais nas mídias sociais é irregular e ineficiente, na maioria das vezes. A legislação sobre direitos autorais é outro ponto, porque as marcas confiam na incerteza jurídica para explorar brechas e evitar punições mais severas. Custos de litígio também são problemas para os influenciadores, uma vez que processos judiciais podem ser caros e demorados. Os creators que estão começando dificilmente terão recursos financeiros ou conhecimento para enfrentar grandes empresas em um tribunal, por exemplo. Além do mais, em raros casos em que uma penalidade acontece, ela se limita a advertências ou remoções de conteúdo, em vez de multas pesadas ou ações legais”, explica.

O que ratifica o discurso de Fabio é outro dado divulgado pela pesquisa da MASV, em que 44% dos profissionais de marketing indicaram que não há risco ou apenas um risco pequeno em usar um vídeo gerado por usuários sem permissão. A facilidade de acesso e compartilhamento é outro fator pelo qual as marcas se sentem protegidas ao utilizar o UGC sem autorização: “As plataformas de mídia social facilitam o acesso e o compartilhamento de conteúdo, o que pode levar as marcas a usarem vídeos e fotos de influenciadores sem a devida permissão, muitas vezes sem perceberem que estão violando direitos autorais. Deixando de lado um pouco a análise técnica, é inaceitável que marcas utilizem conteúdo de influenciadores sem permissão, desrespeitando o trabalho criativo e os direitos de propriedade intelectual desses que têm uma profissão legítima como qualquer outra”.

Mas afinal, como os creators podem se proteger? Segundo o agente de influenciadores, é essencial que os criadores de conteúdo adotem estratégias a fim de proteger seu trabalho, se educando sobre direitos de propriedade intelectual e estabelecendo contratos claros que definam o uso do conteúdo, além de estarem buscando monetização através de licenças pagas. Ferramentas de monitoramento são essenciais para rastrear o uso do conteúdo, e, se necessário, tomar medidas legais com a ajuda de advogados especializados. Fortalecer a comunidade de seguidores também cria uma rede de apoio para denunciar usos não autorizados e proteger os direitos dos criadores, de acordo com o profissional.

Por fim, Fabio Gonçalves ressalta a importância de um agente por trás do influenciador para protegê-lo não só do uso indevido de imagem por parte de outras marcas, mas também para auxiliá-lo em outras questões: “Um agente desempenha um papel crucial em diversas frentes, garantindo que os direitos dos influenciadores sejam respeitados e que eles possam focar em criar conteúdo de qualidade sem a constante preocupação de uso indevido. Conhecimento jurídico e proteção legal, mediação e resolução de conflitos, negociações de parcerias e licenciamento, e orientação estratégica são algumas das funções que o agente pode auxiliar o creator e assegurar que o mesmo opere em um ambiente seguro e justo, onde seu trabalho é respeitado e devidamente compensado”.

METODOLOGIA

O levantamento foi realizado em abril de 2024, nos Estados Unidos e Reino Unido, com mais de 500 respondentes, entre eles, criadores de conteúdo, usuários frequentes de redes sociais e profissionais da área de marketing.

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