Com um cenário global em constante mudança, especialistas apontam estratégias essenciais para a expansão do agronegócio brasileiro nos mercados internacionais
O agronegócio global passa por um período de transformações, impulsionado por mudanças geopolíticas, exigências ambientais e novas dinâmicas comerciais. Para que o Brasil fortaleça sua posição e amplie sua presença no mercado internacional, especialistas indicam que o setor deve adotar estratégias voltadas para inovação, sustentabilidade e diplomacia comercial.
O Centro de Aprendizagem e Cultura Imaflora (Cacuí) e a Agroicone, em parceria com o Centro de Altos Estudos e Pesquisa Geopolítica da UFRRJ, lançaram a formação executiva “Geopolítica para um Agronegócio Sustentável”, abordando a importância da adaptação estratégica do setor.
Confira cinco passos fundamentais para impulsionar o agronegócio brasileiro no exterior:
1. Adaptação às dinâmicas geopolíticas
A instabilidade global, marcada por tensões entre grandes potências e disputas comerciais, afeta diretamente as exportações agrícolas. Para manter e expandir mercados, o agronegócio brasileiro deve diversificar seus parceiros comerciais, acompanhar políticas internacionais e estabelecer diálogos contínuos com o governo.
“A instabilidade internacional exige uma postura flexível e estrategicamente neutra nas relações comerciais. O Brasil precisa garantir que continue se relacionando com todos os países, sem gerar incertezas para o setor privado”, explica Pablo Ibañez, especialista em geopolítica e coordenador do curso.
2. Expansão no mercado asiático
Com 60% da população mundial e 40% do PIB global, a Ásia apresenta grande potencial de consumo. No entanto, restrições comerciais ainda limitam a entrada de produtos brasileiros. Para fortalecer sua presença, o Brasil deve investir em certificações, qualidade e promoção comercial.
“Após anos de disputas na OMC, o Brasil só conseguiu abrir o mercado de frango na Indonésia em 2019. É essencial trabalhar em parcerias com entidades governamentais e investir na construção de relacionamentos de longo prazo”, destaca Ibañez.
3. Fortalecimento da diplomacia comercial
A diplomacia brasileira tem um histórico de sucesso na abertura de mercados agrícolas, mas sua expertise ainda pode ser mais explorada pelo setor privado. O alinhamento entre empresas e diplomatas pode facilitar negociações e reduzir barreiras comerciais.
“O setor privado deve estabelecer canais de cooperação com diplomatas brasileiros para aproveitar seu conhecimento e atuação em blocos econômicos como Mercosul e ASEAN”, aponta Ibañez.
4. Estratégias sustentáveis e inovação ambiental
A demanda global por produtos sustentáveis cresce continuamente, influenciando a aceitação do agronegócio brasileiro nos mercados internacionais. Empresas que investirem em certificações ambientais, economia circular e bioeconomia terão maior competitividade.
“É fundamental validar cientificamente métodos de produção sustentável e promover a defesa da agricultura tropical em fóruns internacionais”, afirma Patrícia Cota, diretora executiva adjunta do Imaflora.
5. Diversificação de moedas e mercados
O comércio global está se afastando da dependência exclusiva do dólar, com países como China e Rússia fortalecendo suas moedas locais. Empresas brasileiras precisam se preparar para transações multimoedas e investir em estratégias que reduzam a exposição ao câmbio instável.
“A diversificação de moedas mitiga riscos financeiros e abre novas oportunidades de negócios, garantindo maior resiliência ao setor”, finaliza Ibañez.
Com a adoção dessas estratégias, o agronegócio brasileiro pode fortalecer sua posição no mercado global, garantir maior estabilidade diante dos desafios geopolíticos e ampliar suas oportunidades comerciais.