Com a Selic projetada para 15% ao ano e o dólar podendo chegar a R$6,20, micro e pequenas empresas terão desafios, mas podem ser fundamentais na retomada do crescimento
O cenário econômico para 2025 apresenta desafios significativos para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e Microempreendedores Individuais (MEIs), mas especialistas acreditam que esses negócios podem desempenhar um papel essencial na recuperação do Brasil. A valorização do dólar e a possibilidade de juros ainda mais altos preocupam o setor produtivo, tornando o acesso ao crédito mais caro e limitando investimentos.
No último ano, o país enfrentou grande volatilidade cambial, com o dólar chegando a R$6,80, uma valorização de 27% em relação a 2023. A incerteza no mercado financeiro foi agravada pela política fiscal e pelas taxas de juros elevadas nos Estados Unidos, o que resultou na fuga de capitais e na desvalorização do real. O economista Gustavo Loyola avalia que o dólar justo hoje estaria em torno de R$5,00, mas ressalta que fatores internos e externos ainda podem gerar oscilações significativas.
Impacto dos juros altos no crédito e no consumo
A taxa Selic, que fechou 2024 em 12,25% ao ano, pode chegar a 15% até junho de 2025, de acordo com pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Esse aumento reduz a disponibilidade de crédito e encarece os financiamentos, dificultando o crescimento das MPEs.
“A taxa de juros elevada impacta diretamente os pequenos negócios, pois restringe o acesso ao crédito e encarece os custos operacionais. Com juros tão altos, manter o fluxo de caixa e investir na expansão se torna um desafio diário”, explica Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI).
Apesar do cenário adverso, o mercado de trabalho apresentou resultados positivos em 2024, com a taxa de desemprego atingindo 6,1%, a menor dos últimos anos, e a criação de 2,2 milhões de novas vagas formais, segundo dados do governo federal.
O papel das MPEs na recuperação econômica
Mesmo diante das dificuldades, as MPEs e MEIs representam a maior parte dos negócios no Brasil e são fundamentais para o crescimento do país. Segundo o economista Felipe Prince, a expectativa para 2025 é de um crescimento do PIB entre 1,5% e 2%, com setores como o agronegócio podendo se destacar caso as condições climáticas sejam favoráveis.
Para Couri, a chave para o sucesso dos pequenos negócios será a adaptação ao novo cenário econômico. “O desafio será encontrar soluções inovadoras, melhorar a gestão financeira e buscar alternativas para manter a competitividade no mercado. As MPEs têm um grande potencial para gerar empregos e impulsionar o crescimento, mas precisam se preparar para enfrentar um ambiente econômico desafiador”, afirma.
O ano de 2025 exigirá resiliência e estratégia dos empresários, que precisarão lidar com juros elevados, crédito restrito e oscilações cambiais. No entanto, com planejamento e inovação, as MPEs e MEIs podem ser agentes fundamentais na recuperação econômica do Brasil.

