Licença-maternidade curta, falta de apoio nas empresas e rotina intensa dificultam a continuidade do aleitamento exclusivo no país

Meta da OMS está longe de ser alcançada

Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como alimento exclusivo até os seis meses de vida do bebê, a amamentação ainda é um desafio para muitas mães brasileiras. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 45,8% das crianças com menos de seis meses recebem aleitamento materno exclusivo — índice abaixo da meta global da OMS, que é de 70% até 2030.

Licença curta e falta de estrutura impactam diretamente

Entre os principais obstáculos está o retorno ao trabalho, que, na maioria dos casos, acontece antes dos seis meses de vida do bebê. No Brasil, a licença-maternidade padrão é de 120 dias. O dado reflete diretamente na prática da amamentação: uma pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 34% das mães brasileiras com filhos de até um ano que estavam empregadas já haviam interrompido o aleitamento materno.

Além do curto período de licença, outros fatores contribuem para esse cenário, como a baixa oferta de creches públicas, a falta de espaços adequados nas empresas para amamentar ou extrair leite e a pressão para que as mulheres retomem rapidamente sua produtividade, conciliando trabalho e maternidade.

Soluções ainda são insuficientes

A alternativa encontrada por muitas mães para tentar manter a amamentação é recorrer à extração e armazenamento do leite materno. No entanto, essa estratégia também esbarra na falta de estrutura no ambiente de trabalho, na dificuldade de conciliar pausas na rotina e na ausência de políticas mais abrangentes de apoio à maternidade no mercado corporativo.

A Organização Mundial da Saúde reforça que a amamentação traz benefícios comprovados tanto para os bebês quanto para as mães. Para os filhos, há redução dos riscos de infecções, doenças respiratórias e obesidade infantil. Para as mães, o aleitamento contribui para a redução do risco de câncer de mama e ovário, além de fortalecer o vínculo afetivo e promover o bem-estar físico e emocional.

Avanço depende de políticas públicas e do setor privado

Especialistas apontam que ampliar a licença-maternidade, garantir ambientes adequados para extração de leite e promover uma cultura empresarial mais acolhedora para a maternidade são medidas fundamentais para mudar o cenário.

Sem esse suporte, o retorno das mulheres ao mercado de trabalho continuará sendo um dos principais fatores de abandono do aleitamento materno, impactando não só a saúde das crianças e das mães, mas também a produtividade e o bem-estar das famílias.

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