Quando o dólar sobe, o metro quadrado sente.

Quando se fala em guerra tarifária, muita gente pensa em algo distante, restrito a negociações entre governos ou disputas entre gigantes da indústria. Mas os efeitos desse tipo de conflito comercial podem ser bem mais próximos do que parecem — especialmente para quem acompanha o mercado imobiliário.

Em 2025, os Estados Unidos aumentaram as tarifas sobre produtos brasileiros como aço e alumínio, dois materiais fundamentais para a construção civil. E isso tem impacto direto nos custos das obras e, consequentemente, no valor final dos imóveis.

O que está acontecendo?

Os EUA decidiram elevar em até 50% as tarifas de importação sobre determinados produtos brasileiros, como parte de uma medida protecionista. O Brasil, por sua vez, estuda aplicar medidas de retaliação e recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar equilibrar a situação.

O ponto central é que os itens atingidos por essas tarifas — como aço, alumínio e outros insumos industriais — são essenciais para obras de todos os portes. O aumento no custo desses materiais tende a se refletir nos orçamentos de construção, o que pode gerar um efeito cascata no mercado como um todo.

Reflexos no mercado imobiliário

Com materiais mais caros, o setor da construção civil já começa a rever projeções. O cenário pode levar ao adiamento de novos empreendimentos ou até à redução do ritmo de obras em andamento. Isso acaba impactando tanto a oferta quanto os preços de imóveis novos.

Além disso, o efeito da guerra tarifária não se limita à construção. O dólar em alta pressiona a inflação, o que pode levar a uma mudança na política de juros do país. Se os juros subirem, o crédito imobiliário tende a ficar mais caro, dificultando o acesso ao financiamento e afetando o poder de compra das famílias.

O olhar do investidor e do comprador

Em momentos de incerteza, investidores tendem a ser mais cautelosos. O aumento do risco cambial, somado ao custo mais elevado da construção, pode adiar ou redirecionar aportes no setor imobiliário. Já o consumidor final sente o impacto direto no bolso: imóveis mais caros, crédito mais seletivo e menor previsibilidade de preços.

Esse cenário afeta principalmente as classes médias, que dependem de financiamento para adquirir um imóvel e são mais sensíveis a variações nos juros e nos valores finais.

E agora? O que esperar?

Se o conflito comercial se intensificar, o mercado deve conviver com alta gradual de preços, ritmo mais lento nos lançamentos e crédito mais restrito. No entanto, se houver avanço nas negociações ou acordos multilaterais, a situação pode se estabilizar e o setor continuar a trajetória de crescimento iniciada em 2024.

A guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos mostra como o mundo está interligado. Uma decisão tomada em outro país pode afetar o preço de uma obra no interior paulista ou adiar o sonho da casa própria de uma família brasileira. Entender essas conexões é fundamental para acompanhar o mercado com mais clareza e antecipar possíveis mudanças de cenário.

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