Presença de mulheres em áreas estratégicas como inteligência artificial cresce, mas desafios estruturais ainda exigem atenção e apoio
O empreendedorismo feminino vem ganhando espaço em setores estratégicos da economia brasileira, com destaque para a tecnologia e a inteligência artificial. Segundo Ana Claudia Badra Cotait, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), esse movimento representa não apenas uma evolução econômica, mas uma transformação social significativa.
Dados do Sebrae mostram que mais de 10 milhões de mulheres empreendem no país. Ainda assim, desafios estruturais persistem. De acordo com a Softex, apenas 20% da força de trabalho no setor de tecnologia é composta por mulheres, sendo raras as que ocupam cargos técnicos de liderança. “Ambientes hostis, ausência de redes de apoio e a constante necessidade de provar sua competência dificultam a permanência e o crescimento feminino no setor”, aponta Ana Claudia.
Outro obstáculo é o acesso ao capital. Apesar de 31% das startups brasileiras terem ao menos uma mulher fundadora, a fatia dos investimentos de risco destinada a elas continua pequena. Soma-se a isso a jornada dupla: metade das empresárias brasileiras são responsáveis pelo sustento do lar, o que exige conciliar gestão dos negócios, cuidado com os filhos, tarefas domésticas e formação profissional.
Mesmo diante dessas dificuldades, as empreendedoras têm adotado soluções inovadoras. O uso estratégico de ferramentas de inteligência artificial, como automação de processos, assistentes virtuais e análise de dados, tem impulsionado a produtividade e melhorado a experiência dos clientes. No Brasil, as mulheres já lideram o uso de IA generativa em diversas aplicações.
O CMEC, presente em todas as regiões do país e vinculado à ACSP, CACB e FACESP, tem atuado para fortalecer essa presença feminina na inovação. A entidade lançou o Prêmio UPSTARTS, voltado a projetos liderados por mulheres na tecnologia, e promove ações de capacitação e mentoria com o objetivo de fomentar um ambiente mais inclusivo.
“O futuro é digital, e precisa ser inclusivo, diverso e liderado também por mulheres”, afirma Ana Claudia. Para ela, o avanço feminino em IA, ciência de dados, robótica e fintechs é essencial para o equilíbrio da economia. “Não podemos desperdiçar o talento de metade da população que já empreende com tanta força em setores estratégicos.”

