Em um mundo hiperconectado e acelerado, onde as telas dominam boa parte do nosso tempo, a leitura poderia parecer um hábito em declínio. Durante muito tempo, ler foi visto como algo solitário, formal e restrito a ambientes escolares ou acadêmicos. No entanto, contrariando expectativas, ler está na moda.
A literatura, em suas muitas formas e formatos, voltou a ocupar um espaço importante na vida das pessoas. O que está por trás desse resgate do prazer pela leitura? O que a torna tão atual, tão viva, em plena era digital?
Começo pelo desejo. Na minha infância, lembro que ler era quase sempre uma obrigação – para provas, vestibulares ou por imposição cultural. Hoje, percebo que essa lógica mudou. Cada vez mais pessoas leem por vontade própria. Seja por escapismo, por crescimento pessoal ou pelo pertencimento a comunidades de leitura, os leitores contemporâneos estão movidos por motivações autênticas e novas.
As redes sociais têm desempenhado um papel decisivo nesse cenário em que os livros foram transformados em fenômenos virais, criando espaços onde leitores indicam obras, compartilham emoções e discutem personagens com entusiasmo. O livro, antes silencioso, agora faz parte de conversas coletivas e intensas. A leitura passou a ser celebrada como fonte de prazer, conhecimento e conexão.
Outro ponto essencial é a diversidade. Hoje, encontramos nas prateleiras autores jovens, mulheres, empreendedores e escritores de diferentes partes do mundo. Essa pluralidade de vozes permite que os leitores se reconheçam nas histórias ou se desafiem com realidades novas. A literatura se tornou mais inclusiva e representativa, rompendo com a ideia de que a leitura precisa seguir um cânone fixo, eurocêntrico e distante da vida real.
O terceiro fator é a tecnologia. Ao contrário do que se imaginava, ela não eliminou a leitura — apenas a reinventou. Livros digitais, audiolivros, podcasts literários, clubes de leitura online e redes sociais expandiram o acesso e ofereceram novos formatos para ler. Pessoas que antes não tinham tempo ou oportunidade agora escutam livros enquanto dirigem, caminham ou fazem tarefas domésticas. Além disso, plataformas de autopublicação democratizaram o mercado, permitindo que novos autores encontrem seu público sem depender de grandes editoras.
Outro fenômeno curioso é a leitura como símbolo cultural e de identidade. Carregar um livro, comentar sobre uma obra ou montar uma estante bonita virou algo valorizado — não por elitismo, mas porque ler passou a expressar sensibilidade, opinião e conexão com o mundo. Em tempos de excesso de informação superficial, a leitura crítica também se impõe como um ato de resistência.
E há ainda o prazer de ler em grupo. Os clubes de leitura, eventos literários, feiras e influenciadores especializados ajudam a popularizar os livros e a tornar o ato de ler mais coletivo. Compartilhar impressões sobre uma história pode provocar emoções únicas e fortalecer vínculos entre leitores.
Dizer que “ler está na moda” não é uma banalização — é reconhecer que a leitura foi ressignificada. Em uma época marcada pela pressa e pelo ruído constante, abrir um livro e mergulhar em uma narrativa é quase revolucionário.
Por isso, encontre o seu formato: livro físico, digital, audiolivro ou podcast. Leia por prazer, por curiosidade, por amor às histórias. Só não deixe de segurar, de vez em quando, um bom livro nas mãos — a experiência tátil, o cheiro das páginas, o virar de cada folha… tudo isso ainda tem um encanto insubstituível.
Escolha ler. Escolha ler mais. Em tempos de fake news, desinformação e discursos rasos, a leitura crítica é um antídoto poderoso para desenvolver o pensamento reflexivo e a cidadania ativa. O livro é, agora, um portal para mundos, ideias e afetos — e, melhor ainda, está mais acessível do que nunca.Que essa moda não passe. Que evolua. Que ler continue sendo, mais do que uma tendência, um hábito transformador.

Érica Borgonovi é formada em Letras, pós-graduada em Linguística e especialista em linguagem, construção do e-Learning e andragogia. Com ampla experiência como master coach, atuou em projetos de treinamento corporativo em grandes empresas, como Avon Cosméticos e Banco Bradesco. Autora de diversos livros voltados ao desenvolvimento pessoal e profissional, é cofundadora do Instituto Eu Ser, que desenvolve soluções exclusivas para o aprimoramento de pessoas, equipes e empresas. Criadora de um método exclusivo para incentivar o hábito de leitura, Érica se dedica a projetos transformadores que promovem o autodesenvolvimento e o gosto pelos livros, conduzindo clubes nos quais compartilha estratégias práticas para enriquecer a vida pessoal e profissional por meio da literatura.

