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O desfecho do atribulado ano de 2022 abriga algumas transformações importantes para a sociedade – o que morre? O que nasce ou renasce em 2023? O que esperar dos próximos meses? Confira!
Sim! 2022 foi atípico, um ano de aceleração e frenagem simultâneas. Sobrevivemos a uma das piores crises políticas de nossa história, culminando com uma eleição eivada de ódios fabricados sobre fantasmas do nazismo e comunismo, que grupos mal-intencionados ainda insistem em ressuscitar. Colocamos à prova nossas instituições democráticas e também as menos democráticas… saímos de 2022 com a sensação que a democracia venceu, com feridas abertas no âmago dos inconformados títeres de direta ou esquerda.
Eleição e Copa no mesmo ano sempre é um caos, e chegaremos na ceia de natal roucos de tanto torcer, cansados de um ano que acelerou desde julho, enlutados pela Gal, Tremendão e Boldrin, e pasmem, um ano tão incomum que até a eterna Elizabeth II nos deixou, fazendo Charles trabalhar após os 70 anos. E ainda tem a recaída da COVID, menos letal, mas ainda preocupante.
Das provações à esperança – o que esperamos e principalmente, o que desejamos para 2023?
Percebo em diversos segmentos uma expectativa positiva, com mercados reagindo com cautela, mas sinalizando retorno de investimentos e melhoria de cenário. Segmentos ignorados ou excluídos pelo atual governo mantém esperança de juntar os cacos e resgatar direitos suprimidos e estruturas governamentais, retomando desenvolvimento da Agricultura Familiar, do Terceiro Setor, da Defesa e Preservação Ambiental, dos Programa Habitacionais, da Pesquisa e Desenvolvimento, para citar alguns.
A Sociedade como um todo deverá também lidar com a realidade irreversível da fome e da pobreza – não podemos mais transformar a questão social em plataforma de discussão partidária e atribuir essencialmente ao governo todas as culpas e soluções. O modelo atual de desenvolvimento econômico no planeta é acelerado e disruptivo – a migração do convencional para o mundo digital transforma segmentos inteiros, o que gera imediato crescimento da desigualdade. No Brasil, somente em 2022, 14 milhões de pessoas entraram no mapa da fome; desde 2011 aumentou 211% a população em situação de rua. São dados oficiais do IPEA, não é fake news…!
Vamos ler os sinais para transformar problemas em possibilidade?
- De cara, praticar o desapego, principalmente de ideias antigas, de formatos convencionais, zonas de conforto que inconscientemente preservamos. O mundo em que vivemos, no dizer do pesquisador Jamais Cascio, é o mundo FANI (Frágil, Ansioso, Não-Linear e Incompreensível), onde a inovação deixou de ser um recurso e passa a ser uma inexorável imposição a pessoas, mercados e governos. Neste mundo não cabe mais cuidar do seu quadrado – somos nódulos de rede, integrados, influenciadores e influenciáveis. Desligar a net é entrar na caverna do isolamento.
- Os novos “negócios” estão ligados ao mundo digital e aos problemas que a extrema virtualização causa nas pessoas. A saúde mental cresce como desafio de pessoas e profissionais, a economia compartilhada já faz parte do nosso cotidiano, a era do petróleo deve terminar em menos de dez anos, a acelerada pesquisa de materiais pode modificar de um momento para o outro a forma de vestir, construir e produzir, reduzindo custos e aumentando a eficiência. As start-ups são o modelo de negócios a ser compreendido e praticado, uma economia que já nasce FANI por excelência, onde a ousadia e a intuição movem mais os novos empreendedores que a formação acadêmica ou as articulações com parceiros e fornecedores…
- Qual o “Seu” Lugar? O mundo já é nosso – viajamos virtualmente, temos acesso a todas as mídias do planeta, podemos interagir com qualquer cidadão em qualquer país com poucos clicks. E você por acaso conhece seus vizinhos? Aposto fortemente nesta tendência de resgate do “local”, onde poderemos conhecer melhor nossa rua, nosso bairro e comunidade, valorizando costumes e saberes acessíveis, como a horta comunitária ou a quermesse de rua, e gerando coletivamente solução para problemas que ninguém quer ou consegue resolver. Precisaremos, é claro, evoluir nossa visão e atitude cooperativa e cidadã, olhando uns os outros nos olhos, construindo pontes e atalhos para produzir qualidade de vida para todas as pessoas.
- Aprender a relaxar ou desaprender a acelerar – o mundo é pura adrenalina e ansiedade, mas não nascemos necessariamente em alta velocidade. Tenho praticado e aconselhado pessoas e clientes a compreender as raízes do consumismo, e o quanto representam para nós questões como fama, riqueza e poder. Somos impactados por milhares de mensagens diárias, que explodem em nosso escudo individual de paradigmas e valores morais, desafiando nossa sanidade e capacidade de tomada de decisões, nos deixando no limbo entre nossa individualidade e o medo do “cancelamento social”. Assim, viramos escravos inconscientes, doentes por não conseguir consumir tudo que a sociedade, a tecnologia e a moda nos acenam. Quando percebemos estas engrenagens, podemos nos concentrar mais naquilo que de fato tem valor, e não somente uma etiqueta de preço. A vida fica mais fácil!
Está acabando! Faltam três semanas para fechar o ciclo de 2022, que não deixará muitas saudades, mas nos fez exercitar (e acreditar) na resiliência, na tolerância, na capacidade de aprender com os erros, na força das ações coletivas e na democracia brasileira, uma democracia jovem, mas que está longe de ser ingênua!
Aos leitores, meu desejo sincero de um promissor 2023, que seja um novo ano novo (e jamais um velho ano novo…) de trabalho e realização de velhos desejos e novos projetos. Farei uma pausa de publicação durante as festas natalinas, retomando as atividades em janeiro. E quem sabe, com um Hexa para comemorar?? Tudo de bom!!!
Empreendedor social, consultor empresarial, educador e músico, pai da Mariana e cidadão de Atibaia. Possui mais de 40 anos de trajetória profissional transitada entre o meio corporativo e o terceiro setor. Atualmente é dirigente da ONG Mater Dei de Atibaia-SP e violonista do grupo Sentido do Samba.