Como ajudar a financiar causas sociais e ambientais em nossas cidades? Saiba mais neste artigo que fala de investimento público e privado no Terceiro Setor.

Muitas vezes fui abordado por gente interessada ou já atuante no Terceiro Setor, que me pergunta… “ok, já abri a ONG, agora onde eu pego o dinheiro” ?? (minha compaixão com estes). Financiar causas e projetos sociais, ambientais e culturais é tarefa hercúlea, mas temos boas notícias em 2023…

No meio do turbilhão da posse, do golpe, do genocídio indígena, e claro, do BBB da vez, a notícia quase passa despercebida: a aprovação do orçamento 2023, que diz como o governo vai gastar o nosso dinheiro. São 5,11 trilhões! Qual a nossa parte nisso?

Com um governo aparentemente mais progressista, gera-se a expectativa que investimentos na área social, ambiental, cultural e economia solidária voltem a florir depois do deserto das míticas desinformações… já este ano teremos, por exemplo, os recursos de incentivo à cultura das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc chegando aos municípios (minha cidade, Atibaia, deve receber até R$ 1,3 milhões), bem como facilitado o acesso aos recursos da Lei Rouanet, para empreendedores culturais (aqueles como eu e muitos, tratados como “vagabundos” no universo amarelo-paralelo).

Os recursos de emendas parlamentares 2023 deverão somar mais de dez bilhões – deputados terão cerca de 30 milhões, e senadores mais de 50, para “distribuir” entre municípios e ONGs de suas bases eleitorais. Também deverão retornar investimentos públicos federais através de programas no campo da agricultura urbana, segurança alimentar, economia solidária, habitação popular e educação ambiental. Isto somente a nível federal…  

O Terceiro Setor deve estar bastante alerta para acompanhar estes movimentos e aproveitar as oportunidades que surgirão para tirar projetos da gaveta e viabilizar sua implantação. Os desafios da sociedade não se resolvem por si mesmos – fome, pobreza e exclusão, preconceito e identidade, sanidade mental, assombram o planeta todos os dias. Nossa obrigação como empreendedores sociais, é a permanente articulação de recursos junto a fontes públicas e privadas, que financiem intervenções/soluções inteligentes e eficazes.

Trabalhar com projetos demanda conhecimento e bastante dedicação. Não existe almoço grátis – nenhum recurso “aparece” por que somos legais e nossas causas relevantes. Quando uma organização se projeta em diversas frentes de atuação, com múltiplos parceiros, é sintoma de competência. Compartilho de forma simples nosso passo a passo para mobilização de recursos:

  • LER! Mamãe ensinou e aprendi bem: todos os dias lemos editais, programas, publicações, leis, portarias, relacionadas à nossa área de atuação. Também acompanhamos novidades no universo ESG (ver nosso artigo sobre o tema em https://jornalvisaodenegocios.com.br/esg-o-que-as-empresas-podem-e-devem-aprender-com-as-ongs/) e como Empresas e Fundações direcionam seus investimentos em responsabilidade socioambiental.  
  • COMPREENDER! Pois é seu Zé… não basta ler, tem que pensar. O que está nas entrelinhas de uma política pública? O que uma empresa deseja ao realizar aporte financeiro em projeto cultural? Nesta hora precisamos articular, abrir diálogos internos e externos procurando avaliar e entender contextos e cenários onde a oportunidade se apresenta. Não é por ser surfista que precisamos surfar todas as ondas – algumas não tem força, outras nos derrubam. Escolha da boa onda é surfe de qualidade!   
  • ESCREVER! Ah mamãe de novo – tudo que precisamos saber na vida aprendemos no jardim de infância. Colocar ideias no papel é expressar de forma objetiva nossos desejos. Sem eles, nada somos. Escrever um projeto é exercitar nossa visão do problema e nossa criatividade nas soluções; é trabalhar no limite entre nosso conhecimento técnico e a nossa capacidade de assumir riscos. Ao escrever transformamos sonho em intenção, deixando materializado e transparente à serviço do que estamos.
  • FAZER! Combinado não é caro… se você compreendeu e escreveu, toca a cumprir – as ONGs vivem do resultado do trabalho, que agrega credibilidade à causa e atuação, facilitando novas articulações e inversão de recursos. Fazer é estudar, aprender, acolher, entregar, divulgar e celebrar, sempre.
Diálogo e cooperação são a chave para sucesso de um bom projeto!

Simples assim! E fica mais divertido quando conseguimos realizar juntos – a experiência de trabalhar soluções e propostas coletivas, que reúnam diversos atores públicos e privados, inclusive os beneficiários das ações na elaboração de boas propostas, é metodologia que reduz a desinformação, fomenta respeito e diálogo, e direciona melhor esforços e recursos, aumentando resultados e impacto da ação.

Vamos trabalhar? Em janeiro sempre cabem todos planos e sonhos, entre uma chuva e uma praia, tempo para ler, pensar, escrever e fazer. E como diria o Pastor, Irmãos: À Obra!

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