Um ano após o burnout ter ganhado e ser categorizado no CID 11 precisamos fazer uma reflexão importante, principalmente no Brasil, país o qual, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, é o país com maior taxa de pessoas com ansiedade, além de ocupar o 5o lugar no ranking de pessoas com depressão.

A síndrome recebeu a classificação oficial no novo CID, que o descreve como: decorrente de “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso” (CID-11 – QD85).

A síndrome de burnout tem como característica o esgotamento emocional proveniente do estresse demasiado. Em linhas gerais, as pessoas que estão mais suscetíveis ao Burnout são aquelas que se importam, que querem entregar resultados, que engajam e se entregam para a realização do trabalho, mas que muitas das vezes não encontram recursos, sejam recursos físicos, humanos, materiais, financeiros para esta entrega.

Precisamos parar de normalizar situações anormais, como por exemplo:  trabalhar com dor, levantar cansado todos os dias, ter crises de choro ao ir para o trabalho, ter dores de estômago, vertigem, pânico, nada disso é normal, apesar de serem coisas comuns de escutar.

Nas companhias o anormal é nos acostumarmos a ter que entregar resultados sem investimento, numa empresa que não nos dá recursos físicos, estruturais ou tecnológicos para executarmos nossa função, nos levando a carregar toda a responsabilidade e culpa pelas faltas da companhia ou de um gestor medíocre.

Viver o anormal por muito tempo, começa a ferir a sí mesmo, a ferir seus sentimentos, sua essência, suas competências e principalmente seus limites.

Mesmo já sabendo disso, e ainda, após 12 meses que o burnout ganhou um novo CID, muitas empresas continuam a descarregar metas inatingíveis, promover chefes tóxicos por relacionamento ou favoritismo, vemos que os programas de bem-estar ou saúde das companhias, em seu grande número, se quer conseguem chegar perto do tabu de discutir saúde mental dentro das empresas.

Quando vamos olhar para nossa saúde mental?

Quando vemos parar de normalizar nossas dores e começar a buscar ajuda para se livrar de uma empresa ou chefe tóxico?

Quando vamos encarar a saúde mental com toda a sua complexidade e carinho e ter os psicólogos e psiquiatras como nossos amigos nesta jornada?

Para termos profissionais mais engajados e produtivos, as empresas precisam pressupor que o respeito às condições psicológicas e emocionais são sim temas que merecem atitudes e programas durante o ano todo.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *