Há alguns dias a atriz e apresentadora Carolina Ferraz postou em sua rede social um vídeo muito real e lúcido sobre a positividade tóxica, nos trazendo uma reflexão importante sobre o excesso de positividade em situações em que um dia de quietude, angústia e choro poderiam ser mais produtivos do que uma mensagem vazia dizendo que “dias melhores virão”.

Essa declaração da atriz é mais do que verdadeira, uma vez que psicólogos, psiquiatras e especialistas em comportamento e emoções humanas garantes que tapar o sol com a peneira só faz com que aumente nosso processo de angústia e depressão.

Esse movimento esquisito de: “Positividade Extrema ou Nada Mais”, ganhou força na última década com a promoção de carreiras meteóricas de influenciadores, psicanalistas de finais de semana e coaches de 8 horas, profissionais que entenderam  a grande carência de saúde mental no nosso pais e a facilidade de postar frases prontas, citações de pensadores como antídoto para aquilo que parecia ser ruim.

Nunca foi tão fácil falar para alguém: “- Calma, tudo vai passar”. O que acontece é que isso além de não ser verdade ainda contribui para que o normal vire estranho e para que a dor seja uma fraqueza e não mais parte do processo de aprendizado.

“Endemonizar” o fracasso e o erro pareceu certo, frente a um momento em que milhões de pessoas encontraram nas redes sociais e nos cursos de finais de semana um apoio que não tinham dentro de casa ou das empresas, entretanto isso foi levado ao extremo como se o medíocre e o ordinário não tivesse espaço em nossas vidas.

Ora, o que vamos fazer com nossos dias ordinários e extremamente comuns, em que acordamos, trabalhamos e voltamos para casa? O que fazer se nem todo dia é épico e especial? Não somos na mais pura verdade uma soma de dias e mais dias comuns e gostosos do que dias ultra marcantes?

O que eu faço com meus dias em que levanto, acordo meus filhos, tropeço em um pé do chinelo, descubro que o usei a última folha, do último rolo de papel higiênico limpando o cocô da cachorra que errou a mira do tapetinho higiênico, esqueço o celular e carteira e chego no trabalho precisando voltar pra casa? Escondo ou conto uma história bonita e romântica sobre aquilo que na verdade me deixou p..to?

Precisamos viver as verdades, precisamos aprender a reconhecer e a sentir as emoções. O medo, raiva, frustração, tristeza, luto e angústia tem seu momento, aliás, PRECISAM TER. só assim conseguimos viver nossa plenitude de sermos humanos, de sermos incompletos e imperfeitos frente aos acontecimentos banais do dia a dia.

Negar esses sentimentos é negar nossa essência mais verdadeira e recorrer a frase pronta da internet como: Respira e não pira! Ah…. vá, vá, vá….. Experimente desintoxicar da mentira, da positividade que não existe. Somente vivendo momentos alternados de dor e prazer, medo e confiança é que conseguimos distinguir nossas luzes e sombras de forma verdadeira e sem julgamento e rumo ao desenvolvimento lindo e eterno da nossa existência.

Você tem sido fiel às suas emoções ou a esconde na toxidade do “milagre de acordar cedo” ou na frase de Platão??

Cuidado, pois seu corpo uma hora falará o que sua boca deveria ter dito a muito tempo.

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