Especialista explica os cuidados necessários ao assinar contratos eletrônicos, cada vez mais comuns nas empresas brasileiras

Com o avanço da tecnologia, a assinatura de documentos digitais se tornou uma prática comum no dia a dia de empresas e consumidores. Segundo a IDC Brasil, 73% das empresas brasileiras já utilizam algum tipo de assinatura eletrônica. Apesar da praticidade, o crescimento dessa modalidade exige atenção para garantir a segurança e validade jurídica dos documentos assinados.

De acordo com o advogado Danniel Fernandes, especialista em direito do consumidor e contratual, nem toda plataforma oferece o mesmo nível de proteção. “A maioria das pessoas clica sem pensar. Mas nem toda plataforma é confiável, e nem toda assinatura tem o mesmo peso na Justiça”, alerta.

Assinatura digital tem validade legal?

Sim. A legislação brasileira reconhece a validade das assinaturas digitais e eletrônicas desde 2001. A assinatura digital, feita com certificado digital vinculado à ICP-Brasil (como o e-CPF), tem mais força jurídica. Já a assinatura eletrônica, realizada por plataformas como DocuSign ou Clicksign, utiliza métodos como SMS, geolocalização ou reconhecimento facial para validar a identidade do assinante.

Ambas são aceitas legalmente, mas diferem no grau de robustez da prova em disputas judiciais.

Como identificar uma plataforma segura?

Antes de assinar um documento digitalmente, o especialista recomenda verificar:

  • Se a plataforma é reconhecida, como Gov.br, Serasa ou Certisign
  • Se há registro de data, hora, IP e tipo de verificação utilizada
  • Se o documento possui criptografia ou autenticação em duas etapas
  • Se houve comunicação prévia com quem enviou o documento
  • Se o conteúdo é conhecido e compreendido por quem assina

Uma pesquisa da Opinion Box revelou que 62% dos brasileiros não sabem avaliar se uma plataforma de assinatura digital é segura, o que mostra uma lacuna entre o uso da tecnologia e o conhecimento sobre sua segurança.

Riscos e cuidados com fraudes digitais

O uso indevido de assinaturas digitais também pode gerar fraudes. “Se você nunca autorizou aquilo, é possível pedir a anulação na Justiça. Mas será necessário provar que não reconhece o documento”, explica Fernandes.

Entre os cuidados recomendados estão:

  • Evitar clicar em links desconhecidos
  • Não acessar documentos importantes em redes públicas
  • Procurar ajuda jurídica em caso de dúvidas

Prática cada vez mais aceita na Justiça

Desde 2023, o Conselho Nacional de Justiça autoriza intimações e citações por meios eletrônicos. A tendência é de que o uso de assinaturas digitais se amplie nos próximos anos, mas o especialista reforça a necessidade de atenção: “O futuro é digital. Mas o cuidado ainda é analógico. É preciso entender o que se está assinando e com quem se está lidando”.

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