Na era da personalização, rastreabilidade e produtividade máxima, automatizar processos se tornou essencial para a sobrevivência da indústria nacional
A automação industrial deixou de ser apenas uma ferramenta de ganho de eficiência e passou a ser uma estratégia vital para a competitividade e sustentabilidade das empresas brasileiras. Em um cenário de escassez de mão de obra qualificada, aumento de custos e pressão constante por entregas ágeis e com excelência, investir em tecnologia é a única saída viável para o setor produtivo manter-se relevante e competitivo.
Indústria 4.0 e modernização dos processos
A automação moderna está intrinsecamente ligada aos pilares da Indústria 4.0, que envolve sensores inteligentes, inteligência artificial, análise de dados em tempo real e otimização contínua dos processos. Para Marcelo João Bortolini, gerente de tecnologia da Selgron – empresa brasileira com mais de 30 anos de atuação no setor –, a automação é um divisor de águas. “Ela garante não apenas agilidade na produção, mas também padrões rigorosos de qualidade, segurança ao consumidor e conformidade regulatória”, explica.
A presença de tecnologias automatizadas tem se expandido para todas as etapas produtivas, inclusive no fim da linha de produção, onde são definidas questões como integridade do produto, logística e reputação da marca. Equipamentos como detectores de metais, empacotadoras inteligentes, sistemas de paletização robotizados e controladores de peso vêm se tornando comuns em empresas de todos os portes.
Transformação que vai além das fábricas
Os impactos da automação ultrapassam os muros das indústrias. A modernização fortalece cadeias produtivas, estimula fornecedores e gera novas oportunidades no mercado de trabalho. “A evolução da indústria não significa excluir pessoas, mas prepará-las para funções mais analíticas, estratégicas e voltadas à inovação”, destaca Bortolini.
Estudos reforçam essa tendência. A pesquisa 2025 Smart Manufacturing and Operations Survey, da Deloitte, com 600 executivos da indústria norte-americana, aponta que 92% acreditam que a manufatura inteligente será o principal motor da competitividade nos próximos anos. Entre os entrevistados, 85% veem a automação como transformadora, com potencial de modernizar processos, atrair talentos e ampliar a capacidade operacional. Desde a adoção dessas tecnologias, as empresas relataram melhorias de 10% a 20% na produção, 7% a 20% na produtividade dos funcionários e de 10% a 15% na eficiência operacional.
Brasil ainda precisa acelerar
Apesar de avanços, o Brasil ocupa a 50ª posição no Índice Global de Inovação 2024, entre 133 países avaliados pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Os dados mostram que, embora haja progresso, a indústria brasileira ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de inovação e modernização tecnológica.
Entretanto, segundo Bortolini, o país já conta com soluções desenvolvidas nacionalmente, de alta performance e com suporte técnico local. “Temos empresas brasileiras que projetam e fabricam tecnologias de ponta, com capacidade de personalização e manutenção eficiente, o que facilita a transição para a automação em diferentes setores”, afirma.
Investimento estratégico
Automatizar não é um custo, mas um investimento estratégico. “Quem ainda resiste à automação compromete, de forma silenciosa, sua capacidade de crescer, inovar e competir. Não se trata de substituir pessoas, e sim o improviso por inteligência e a limitação por escala”, finaliza o gerente da Selgron.

