Estudo do Instituto Biomob revela nível de adaptação dos portais de vendas às Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo da Web
A Black Friday 2024 promete ser uma das mais movimentadas dos últimos anos em termos de volume de vendas, mas ainda deixa a desejar quando o assunto é acessibilidade digital. Um estudo do Instituto Biomob revelou que os principais marketplaces brasileiros apresentam média geral de apenas 6 em conformidade com as Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo da Web (WCAG 2.1), padrão estabelecido pelo Consórcio World Wide Web (W3C). A pesquisa avaliou portais como OLX, Americanas, Magazine Luiza, Casas Bahia e Mercado Livre, com notas que variaram de 4,5 a 9,7.
Resultados detalhados do estudo
Entre os portais analisados, o OLX se destacou positivamente, com nota 9,7, apresentando 31 práticas de acessibilidade, das quais 24 foram consideradas aceitáveis, 6 requerem verificação adicional e apenas uma foi avaliada como não aceitável. Já os portais Ponto Frio, Casas Bahia, Extra e Mercado Livre receberam a nota mais baixa, 4,5.
Os marketplaces Americanas (7,5), Magazine Luiza (7,0) e Netshoes (6,7) apresentaram níveis intermediários de acessibilidade, enquanto o Carrefour obteve 5,4.
Marketplace | Pontuação |
---|---|
OLX | 9,7 |
Americanas | 7,5 |
Magazine Luiza | 7,0 |
Netshoes | 6,7 |
Carrefour | 5,4 |
Ponto Frio | 4,5 |
Casas Bahia | 4,5 |
Extra | 4,5 |
Mercado Livre | 4,5 |
Principais problemas identificados
O COO do Biomob, Valmir de Souza, destaca que, embora todos os marketplaces apresentem alguma preocupação com acessibilidade, ainda há muitos erros que prejudicam a navegabilidade para pessoas com deficiência. “Alguns erros ainda impedem uma navegabilidade adequada para todos os públicos, mas é fato que encontramos esforços sendo feitos no sentido de alcançar este objetivo,” afirma Souza.
Nos portais com menores pontuações, os problemas mais comuns incluem ferramentas assistivas, como Tradutor para Libras e recursos de atendimento em Libras, que estavam inativas durante a avaliação. Por outro lado, foram observadas boas práticas, como o uso de navegação por tabulação, textos alternativos e padrões adequados de programação.
Impacto no consumidor e no mercado
Segundo uma pesquisa do PROCON-SP citada pelo estudo, 69% dos consumidores com deficiência enfrentam barreiras para realizar compras online, sendo que 17% relatam dificuldades constantes e 52% ocasionalmente. Souza alerta que isso não afeta apenas os consumidores, mas também representa perdas financeiras significativas para os sites:
“Essas pessoas se frustraram ao não conseguirem fazer as transações que gostariam, mas os sites, portais e marketplaces também deixaram de faturar com essas operações. Qual será o tamanho do prejuízo para essas empresas se esta relação se confirmar em uma mega promoção como a Black Friday?” conclui Souza.
Caminhos para a melhoria
Entre os sites melhor avaliados, aspectos como equivalentes textuais para imagens e elementos de banner com semânticas adequadas foram os principais diferenciais. Souza reforça a necessidade de os marketplaces ampliarem seus esforços para alcançar padrões de acessibilidade que atendam efetivamente a todos os públicos, garantindo não apenas inclusão, mas também maior competitividade no mercado digital.