O conceito de cidadania corporativa foi cunhado para se referir justamente ao papel instrínsico de qualquer empresa, que é o que ter responsabilidade e identidade com relação à comunidade ou meio em que está inserida. Ela não é e nem pode se comportar como se fosse um ser alheio ao que acontece diariamente no seu entorno – ao contrário, a depender do seu tipo de atividade, horários de expediente e outros fatores, o impacto no ritmo de vida das pessoas que se avizinham a essa empresa é enorme. Em outras palavras, ela pode ser uma benção ou uma praga para a comunidade.
Assim, a cidadania corporativa pode ser resumida na relação ética e transparente da empresa com os públicos com os quais se relaciona, estabelecendo metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da empresa e sociedade. Seja nas atitudes dos funcionários, acionistas e nas práticas com o mercado, a empresa é conduzida de modo a trazer um resultado positivo não só para as finanças, mas também para a sociedade e, em especial, par a comunidade em que está inserida.
Há várias formas que a empresa pode adotar para exercer sua cidadania e melhorar a região onde a empresa está localizada fisicamente ou por meio de seus produtos ou serviços. Alguns exemplos possíveis seriam promover eventos ou iniciativas de interesse daquela população – como apoiar campeonatos amadores locais, participar de ações de preservação ou restauração de praças e parques que beneficiem o bairro, apadrinhar projetos sociais e culturais – tudo isso acaba contribuindo para um melhor relacionamento local e, consequentemente, para uma melhor imagem e reputação da empresa nessa comunidade.
E nem se trata de investir muita verba – muitas vezes utilizar suas instalações para a realização de oficinas de capacitação profissional de jovens, ou para reuniões da associação de moradores, ou mesmo se engajar e incentivar seus colaboradores a participarem de iniciativas de instituições que atendem aquela população podem ser também ótimas formas de “fazer sua parte” e, assim, ser bem lembrada por quem está mais próximo. Utopia? Pode ser. Mas quem pratica garante que vale a pena.
Fortunas são dispendidas anualmente em campanhas publicitárias para o mundo todo ver, afinal, as redes sociais quebraram todas as barreiras, não é mesmo? Pode ser. Mas se a empresa aparece bonita na foto mas seus vizinhos nem se quer notam sua existência – ou pior, por alguma razão torcem para que ela se mude, pode-se estar criando aí uma perigosa brecha para uma crise de imagem mais adiante.
E a sua empresa? Tem olhado para o lado e percebido-se como cidadã legítima do seu bairro, sua cidade, sua região? Ou age como um estranho no ninho? Pense nisso.
Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.