Índice de confiança do consumidor avança levemente, impulsionado por expectativas futuras, mas pessimismo ainda é predominante, especialmente entre famílias de baixa renda
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo FGV IBRE, apresentou uma elevação de 0,5 ponto em abril, alcançando 84,8 pontos. Este resultado marca o segundo mês consecutivo de crescimento do indicador. Apesar da sequência positiva, a média móvel trimestral do índice ainda aponta para uma retração de 0,5 ponto, situando-se em 84,2 pontos.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE, a recente recuperação da confiança do consumidor representa apenas uma pequena parcela da queda observada nos três meses anteriores, entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano. A economista destaca que o resultado de abril foi influenciado principalmente pela melhora nas expectativas em relação à situação econômica local para os próximos meses.
A análise por faixa de renda revela uma melhora na confiança apenas para as famílias com rendimentos entre R$ 2.100 e R$ 9.600. Nas demais faixas de renda, inclusive entre as famílias de menor poder aquisitivo, foi registrado um recuo na confiança. Gouveia ressalta que, mesmo com as melhoras pontuais, o sentimento geral dos consumidores ainda reflete um forte pessimismo, particularmente acentuado entre a população de baixa renda, cuja confiança vem caindo pelo quinto mês consecutivo.
No que se refere aos componentes do índice, o Índice de Expectativas (IE) demonstrou um avanço de 0,7 ponto, atingindo 88,1 pontos, impulsionando o ICC para cima. Em contrapartida, o Índice de Situação Atual (ISA) apresentou uma leve alta de 0,1 ponto, alcançando 81,1 pontos, permanecendo praticamente estável.
Dentro do ISA, os quesitos que avaliam o momento presente apresentaram variações opostas. A percepção sobre a situação econômica local atual registrou um aumento de 0,7 ponto, enquanto a avaliação da situação financeira atual das famílias apresentou uma queda de 0,6 ponto.
No âmbito das expectativas, os indicadores de situação econômica local futura e de situação financeira futura da família apresentaram altas significativas de 2,7 e 1,1 pontos, respectivamente. O indicador de situação financeira futura da família merece destaque por registrar a primeira elevação no ano corrente. Em contrapartida, o indicador de compras previstas de bens duráveis recuou 1,8 ponto, sinalizando uma menor intenção de consumo para esses itens.
A análise por faixa de renda reforça a heterogeneidade do cenário de confiança. Enquanto os consumidores com renda entre R$ 2.100,01 e R$ 9.600,00 demonstraram maior otimismo, as demais faixas de renda apresentaram um declínio na confiança, evidenciando que a recuperação ainda não é uniforme entre os diferentes grupos da população.