Apesar do cenário desafiador, intenção de contratações no setor de alimentação fora do lar equilibra pessimismo econômico

A confiança empresarial no Brasil sofreu uma nova queda em março, conforme o Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE, que recuou 0,6 ponto, alcançando 94,0 pontos. Esse é o menor nível desde novembro de 2023 e reflete um cenário de juros altos e incertezas econômicas que impactam diversos setores.

Apesar da retração geral, houve um aumento na confiança dos empresários do setor de serviços, que avançou 1,2 ponto, chegando a 92,9 pontos. No setor de alimentação fora do lar, a demanda apresentou recuperação em março, ainda que com queda na expectativa de demanda futura.

Em fevereiro de 2025, o setor de alimentação fora do lar criou 24.104 novos postos de trabalho com carteira assinada, um crescimento de 53% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, “mesmo com o recuo na confiança, o setor de bares e restaurantes continua se destacando como um grande empregador. Temos percebido que o movimento nos estabelecimentos se mantém estável e as perspectivas de contratações ajudam a minimizar o impacto do pessimismo econômico”.

O Índice de Expectativas Empresariais (IE-E) também apresentou queda de 1,4 ponto em março, atingindo 91,5 pontos, a quinta retração consecutiva. O principal impacto veio do setor de comércio, afetando o mercado de alimentação fora do lar, especialmente os estabelecimentos localizados em shopping centers e regiões comerciais.

Por outro lado, o Índice da Situação Atual Empresarial (ISAE) registrou um leve avanço de 0,3 ponto, alcançando 96,5 pontos, indicando sinais de estabilização. “O setor de bares e restaurantes segue resiliente, apoiado na retomada gradual do consumo e na capacidade de geração de empregos. Essa é uma cadeia essencial para a economia do país e, apesar das dificuldades, conseguimos manter uma perspectiva positiva para o restante do ano”, complementa Solmucci.

Eventos como o feriadão de Páscoa, o Dia das Mães, o Dia dos Namorados e o São João devem impulsionar a movimentação no setor. “A confiança dos serviços contribuiu para que o índice não tivesse uma queda acentuada, e esses eventos podem trazer movimento ao setor, apesar da preocupação com a inflação”, afirma Solmucci.

Confiança empresarial segue em queda

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE caiu 0,6 ponto em março, para 94,0 pontos, o menor nível desde novembro de 2023. Em médias móveis trimestrais, houve queda de 1,0 ponto no mês.

“O cenário de juros em alta e incerteza elevada continua impactando negativamente a confiança empresarial. Em março, houve sinais de alguma recuperação no nível de atividade em três dos quatro grandes setores econômicos, mas as expectativas para os próximos meses seguem na trajetória negativa iniciada em novembro. Um fator que atenua o diagnóstico de pessimismo empresarial para o restante do ano é a sustentação do ímpeto de contratações”, avalia Aloisio Campelo Jr., pesquisador do FGV IBRE.

O Índice de Expectativas Empresariais (IE-E) recuou 1,4 ponto em março, atingindo 91,5 pontos, na quinta queda consecutiva. O indicador que mede a demanda prevista para os próximos três meses recuou 1,9 ponto, chegando a 91,4 pontos, puxado por avaliações negativas na Indústria e, principalmente, no Comércio. Já o indicador de expectativas para a evolução dos negócios em seis meses caiu 0,9 ponto, atingindo 91,8 pontos. “Apesar de não compor o IE-E, o avanço do indicador de ímpeto de contratações – cujo saldo entre respostas de aumento e redução do quadro de pessoal subiu de 9,3 para 10,5 pontos entre fevereiro e março – é um fator que, em parte, contrabalança outros sinais de aumento do pessimismo no mês”, pondera Campelo Jr.

O Índice da Situação Atual Empresarial (ISAE) avançou 0,3 ponto em março, atingindo 96,5 pontos. O resultado sugere uma estabilização em torno dos 96 pontos, abaixo do patamar do segundo semestre de 2024, quando o índice esteve mais próximo do nível neutro de 100 pontos. Entre seus componentes, o indicador que mede a demanda no momento presente avançou 0,2 ponto no mês, para 97,5 pontos, enquanto o indicador de satisfação com a situação atual dos negócios subiu 0,4 ponto, para 94,4 pontos.

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