Por: Cintia Salomão. Para o Integridade ESG – 28 de maio de 2024

Especialistas do setor de energia pedem validação do processo limpo de produção de biocombustíveis, governança das políticas públicas e desoneração de investimentos para o avanço da transição energética na mobilidade

Certificar a sustentabilidade de toda a cadeia de produção da matéria-prima dos biocombustíveis, como óleo de soja, milho e cana-de-açúcar, representa hoje um dos principais desafios da transição energética brasileira.

Quem chama atenção para essa lacuna é o coordenador de assuntos regulatórios de biocombustíveis da PetrobrasRodrigo Herve Quaranta.

O Brasil tem grandes reservas de matéria-prima, mas ainda tem que ser feito muito trabalho em relação à sua pegada de carbono. A sustentabilidade precisa ser comprovada em toda a cadeia, da semente ao tanque. Precisamos certificar o processo verde dessa matéria-prima para cumprirmos as metas de redução de emissão”, enfatizou.

A afirmação foi feita durante o painel sobre a descarbonização no setor de transportes e os caminhos para ampliar a oferta de renováveis no encontro ESG Energia e Negócios, realizado pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás).

Biorrefino é carro-chefe da transição da Petrobras

O executivo da Petrobras ressaltou o papel estratégico dos biocombustíveis para a estatal brasileira, um dia após sua nova presidente Magda Chambriard ter confirmado a intenção de acelerar a exploração de petróleo em novas reservas. Ele destacou o biorrefino, considerado o carro-chefe do segmento, além dos projetos ligados ao diesel verde e ao Combustível Sustentável da Aviação (SAF).

Rodrigo Herve Quaranta enumerou três grandes desafios da transição energética no Brasil: a falta de um arcabouço regulatório; a necessidade de incentivo para desenvolvimento e a certificação da sustentabilidade da matéria-prima.

Precisamos de um arcabouço legal regulatório que contemple as diferentes modalidades. Temos que ser abrangentes, pois não temos solução única para resolver os problemas. É preciso usar todas as ferramentas para cumprir a redução das emissões”, comentou a respeito do segundo desafio.

Governança das políticas públicas e desoneração de investimentos

Por sua vez, o gerente de Relações Externas da RaízenLuciano Correa Libório, enfatizou a necessidade de uma política de indução que inclua a desoneração de investimentos, para que o setor de energia renovável acelere.

Para o diretor técnico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Daniel Maia Vieira, avanços da agenda verde previstos na reforma tributária, o plano de transição ecológica e o programa Mover são importantes, mas demandam coordenação entre os diversos entes do governo para darem certo.

Temos um déficit histórico de governança das políticas públicasA questão da coordenação de órgãos de Estado não irá se resolver com a criação de mais um órgão. É preciso haver atuação articulada com Polícia Federal, Receita, Fiscos estaduais, Agência Nacional de Transportes Terrestres etc”.

*Matéria original.

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