Como relações públicas, reconhecemos o valor intrínseco dos prêmios e premiações quando concedidos por instituições respeitáveis e conhecedoras, enriquecendo a imagem de uma empresa. No entanto, à medida que a chamada “indústria de troféus” cresce, é crucial discernir entre prêmios autênticos e charlatães que comercializam meras placas de reconhecimento. Esse mercado, cuja legitimidade está em questão, ameaça a reputação das premiações sérias que moldam a credibilidade das empresas.
A verdadeira indústria de troféus tem ganhado terreno nos últimos anos, promovendo prêmios sem critérios sólidos, regras claras ou avaliações objetivas. O cenário muitas vezes se resume a votações duvidosas online – sem nenhum critério efetivo sobre quem vota, porque vota e muito menos quantas vezes vota, ou até mesmo ligações inesperadas com anúncios de “empresa do ano”. Lembro de uma amiga que havia passado a integrar o time de Sustentabilidade de um grande empresa e recebeu um telefone desses. A pessoa do outro lado dizia que a empresa em questão tinha sido eleita como “empresa sustentável do ano”, e que para receber o prêmio durante um grande evento, “só” precisaria pagar a “módica” quantia de R$6mil. detalhe, a área de Sustentabilidade existia a menos de um ano – como poderia ter concorrido, sem saber, com tantas empresas mais experientes do mercado? É… você deve ter imaginado a mesma resposta que eu. Mas normalmente é isso: em troca de uma taxa, a empresa é convidada a participar de uma extravagante “festa de premiação”, recebendo um troféu questionável. Esse comércio flagrante mina a integridade dos prêmios legítimos, obscurecendo a distinção entre conquistas reais e reconhecimento superficial.
Empresários atentos devem evitar cair na armadilha desses charlatães. Embora prêmios genuínos sejam um ativo valioso, a construção da reputação empresarial não deve ser comprometida por recompensas falsas. Em um mercado inundado de oportunismo, é essencial empregar uma lente crítica para avaliar a autenticidade dos prêmios.
Aqui estão algumas dicas para distinguir os prêmios sérios da miríade de opções questionáveis:
1. Investigação Detalhada: Empreenda pesquisas profundas sobre a organização que oferece o prêmio. Avalie sua credibilidade, histórico e critérios de seleção. Prêmios sérios são respaldados por expertise.
2. Regulamentos Transparentes: Prêmios respeitáveis têm regulamentos claros e detalhados. Desconfie daqueles que não compartilham as regras do jogo.
3. Reconhecimento no Setor: Verifique se o prêmio é reconhecido pelo setor e pela comunidade empresarial. O reconhecimento externo valida sua autenticidade.
4. Avaliação Imparcial: Prêmios legítimos envolvem um processo de avaliação justo e imparcial. Desconfie de práticas de votação duvidosas ou seleções subjetivas.
5. Impacto na Reputação: Considere como o prêmio pode afetar a reputação da empresa. Prêmios legítimos fortalecem a imagem, enquanto prêmios suspeitos podem manchar a credibilidade.
A indústria de troféus tem o potencial de obscurecer as realizações legítimas e minar a confiança na validade dos prêmios. No entanto, com o discernimento adequado, empresários podem continuar a colher os benefícios dos prêmios relevantes. É responsabilidade de cada líder empresarial estar atento aos sinais de oportunismo e fazer escolhas que fortaleçam, em vez de comprometer, sua reputação.
Assim como a área de Relações Públicas exige autenticidade, os prêmios devem ser um reflexo genuíno das conquistas das empresas. Este é o momento de enfrentar a farsa dos troféus e construir uma reputação empresarial baseada na excelência real, reconhecida por prêmios dignos, não por placas vazias de significado.
Se você tem algum exemplo ou experiência com esses prêmios fake ou, por outro lado, bons exemplos de prêmios sérios, conte aqui nos comentários. Grande abraço e até o próximo artigo!
Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é também jornalista, empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.