Estabilidade da moeda americana reflete cenário de menor tensão no mercado e fatores internos como inflação e juros altos no Brasil

Em maio de 2025, o dólar comercial apresentou um comportamento mais estável em relação ao real, oscilando entre R$5,60 e R$5,70. A volatilidade mensal foi de apenas R$0,15, metade da registrada nos meses anteriores, marcando um período de maior equilíbrio no mercado cambial.

Inflação e juros moldam o cenário interno

Internamente, a principal influência veio da desaceleração inflacionária. O IPCA-15 de maio registrou alta de 0,36%, sendo a terceira queda mensal consecutiva. Ainda que o índice siga acima da meta, o resultado trouxe algum alívio ao mercado.

“A inflação em queda sustentou a decisão do Copom de manter o aperto monetário, elevando a Selic para 14,75%, o maior nível desde 2006”, destacou um analista. A taxa elevada, embora prejudicial à economia real, tem efeito de valorização do real por atrair capital estrangeiro.

Cenário externo: estabilidade dos juros e tensões comerciais

No ambiente internacional, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos optou por manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,50%. O presidente do banco central americano, Jerome Powell, alertou que as tarifas comerciais podem impulsionar a inflação e o desemprego no país.

As tensões comerciais, especialmente entre EUA e China, também influenciaram pontualmente o mercado cambial. “No dia 12 de maio, um acordo tarifário entre os dois países elevou o dólar ao reduzir o risco de recessão nos Estados Unidos”, afirmou um especialista.

Expectativas para junho: continuidade da estabilidade

As projeções para o próximo mês indicam a manutenção do atual patamar do dólar, entre R$5,60 e R$5,80. Segundo analistas, essa estabilidade será influenciada pela manutenção dos juros elevados no Brasil e pela continuidade das incertezas no cenário internacional.

“A reunião do Copom nos dias 17 e 18 de junho, assim como o encontro do FOMC nos Estados Unidos, são eventos que podem gerar oscilações no câmbio”, completou o analista.

Estratégias para investidores e fluxo de capitais

Investidores que buscam proteção contra a volatilidade cambial devem considerar instrumentos de hedge, como os contratos NDF (Non-Deliverable Forward), usados para fixar custos futuros em moeda estrangeira sem entrega física do ativo.

No que diz respeito à entrada de capital estrangeiro, o cenário segue desafiador. Até 23 de maio, o país registrava déficit cambial de US$11,2 bilhões em 2025. “Só haveria espaço para um fluxo positivo relevante com avanços nas contas públicas ou uma queda dos juros nos Estados Unidos, o que parece distante no curto prazo”, concluiu a fonte.

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