As Modelagens que a SAF pode emprestar ao ramo de franchising
O futebol, assim como toda sociedade e uma gama imensa de empresas, passa por transformações importantes que chegaram ao Brasil há poucos anos e atualmente vêm ganhando evidência. Talvez, a mais importante das mudanças seja a SAF – Sociedade Anônima do Futebol. Seu modelo com ou sem a nomenclatura já aportou no país há algumas temporadas e aos poucos foi evidenciando práticas que podemos observar com mais atenção e nos valermos delas para o universo de franquias.
Em uma análise preliminar, podemos observar que os modelos e os métodos cooperam para o entendimento comum entre as formas de empresa pois compartilham pilares de desenvolvimento comuns entre ambos os nichos. A SAF, por sua vez, nos modelos mais conhecidos, vem apoiada em uma estrutura global, podendo estar sob o guarda-chuva de um grande conglomerado sob uma mesma marca ou por meio de estruturas multiclubes; sob a ótica de um ecossistema capaz de assumir, gerenciar e impulsionar a gestão e a paixão do torcedor, fomentando subprodutos como licenciamentos, construindo link afetivo e de ativos que se mostrarão ainda mais valiosos se bem geridos.
Quanto ao sistema de estrutura, suas lógicas e dinâmicas se apresentam de modo similar ao sistema de franquias. Analisando, no futebol, na prática, esse sistema já criou empresas globais que operam clubes à distância, como o caso do Red Bull – RB Leipzig, ALE, Red Bull Salzburg, AUS e New York Red Bulls, EUA e do Grupo City – em mercados como o Estados Unidos (New York City FC), Austrália (Melbourne City FC) e Brasil (EC Bahia). Assim como nas franquias, a forma de atuar é empresarial, visa rentabilidade – fato que qualquer associação apesar das definições e nomenclaturas, acaba visando também – e precisa de contexto e conexão com seu público para que sua marca e abrangência sejam alavancadas. Mapear onde investir, entender a dimensão desse movimento e saber qual o público alvo, segundo seus costumes e desejos continua sendo parte das realidades de ambas frentes de negócio.
A operação, por sua vez, pode apresentar diferenças importantes das adotadas no regime de franchising. Algumas equipes deixam de operar sob gestões independentes, passando a compor um conglomerado global do qual podem se beneficiar por meio do compartilhamento de expertise, de tecnologias e, sobretudo, da exploração da marca. Aliás, o sistema de franquias talvez não esteja tão alinhado assim com a exploração de subprodutos e marcas derivadas de licenciamentos que possam agregar valor ao ticket médio consumido.
Por sinal, o sistema de Franquias no Esporte é mais comum do que se pensa. Em verdade, muitos de nós já nos relacionamos com esse sistema. A famosa NBA é, senão, uma liga que opera no formato de Franquia de Clubes. Cada equipe é uma franquia. E para funcionar pagam uma taxa de adesão à liga. Com isso, têm o seu direito licenciado para operar dentro dos limites estabelecidos pelo contrato. A estrutura organizacional do basquete norte-americano permite um grau elevado de padronização que é benéfico ao modelo do negócio, mas também permite que exista uma adaptação de cada franquia à regionalidade e particularidade de seu mercado, ou seja, as cidades e regiões as quais representam no campeonato.
A Paixão que virou negócio
A SAF, nomenclatura que vem ganhando espaço na realidade do futebol brasileiro, vem atuando e explorando de forma intensa o aspecto emocional dos clubes, valorizando a paixão dos torcedores, transcendendo a lógica puramente comercial e, consequentemente, engajando milhares de fãs em suas ações. Esse engajamento é um ativo central, pois o investimento nem sempre está focado em receitas, mas também em reforçar a identidade cultural, o capital social de cada clube, fortalecendo o vínculo emocional capaz de criar conexões para futuros produtos. Aliás, esse tipo de envolvimento pode servir de gatilho para franquias, especialmente em setores que dependem de lealdade à marca, nichos, permitindo que empresas usem essa conexão emocional para criar uma fidelização duradoura.
O modelo de negócio da SAF é muito amplo e pode ser dito específico também. Contudo, permeiam limiares que tocam novos horizontes ainda não explorados pelo universo de franquias. Dentro dessa linha de abordagem, as franquias podem observar essas práticas até então inovadoras como fonte de captação de investimentos e governança corporativa. Ao combinar essas estratégias, o franchising pode se beneficiar de uma maior eficiência operacional, ao mesmo tempo em que aproveita a força de suas marcas de maneira global. O futebol, por meio da SAF, está mostrando que o futuro das franquias pode estar na união de paixão, profissionalismo e inovação.

Empresário no Segmento de Franquias com experiência em Gestão de Clientes Corporativos há mais de 25 anos. Multiprofissional formado em Comunicação com habilitação em Jornalismo pela UVA – Universidade Veiga de Almeida (RJ), com experiência em documentário, fotografia, rádio e produção de conteúdo pela Agência ZeroUm, SP.