Desde que o mundo é mundo, as gerações se estranham.
A diferença é que, hoje, a treta (discussão) virou trend.
Nos anos 70, Elis Regina cantava “Como Nossos Pais” e denunciava uma geração que envelhecia cedo demais, presa a velhas verdades.
Nos 80, Renato Russo gritava “Que país é este?”, e deixava claro que a juventude não acreditava mais nos discursos prontos.
Nos 2000, Chorão cantava “o jovem no Brasil nunca é levado a sério”, e a gente percebia que nada havia mudado tanto assim, só os acordes.
A verdade é que a incompatibilidade geracional é um clássico, não uma novidade.
Cada época compôs sua trilha sonora de desentendimento entre quem chegou antes e quem está chegando agora. Mas se antes essa diferença ecoava em rádios e palcos, hoje ela explode nas timelines, em comentários ácidos, cancelamentos e diagnósticos rasos sobre “preguiça”, “fragilidade” ou “falta de propósito”.
E aqui vale uma reflexão, Não existiam pessoas preguiçosas nos anos 70, 80, 90? Não foi nesse período que propósito de vida começou a ser questionado por comunidades que achavam que o mundo era mais do que conheciam?
A diferença é que agora tudo é amplificado.
O que antes era conversa de bar virou guerra de posts.
O que era troca virou disputa por quem tem razão.
E no meio desse ruído, perdemos algo que nenhuma tecnologia substitui: a escuta presente.
Porque, no fim, toda geração tem algo a ensinar, e algo a aprender.
O problema é que a gente quer ensinar antes de ouvir.
Quer responder antes de compreender.
E quer liderar sem primeiro se conectar.
Talvez o verdadeiro desafio não seja aprender sobre novas tecnologias, mas reaprender a melhor de todas as tecnologias humanas: escutar.
Escutar sem medo de mudar de ideia.
Escutar pra entender o tempo do outro, e o nosso também.
As gerações sempre vão discordar. Mas talvez a ponte entre elas comece quando alguém decide, simplesmente, parar de gritar e começar a ouvir o próximo verso da música porque, parafraseando Elis Regina,
“Por isso, aproveite, meu bem
Há esperança na esquina
Nós vencemos e o sinal está aberto pra nós
Que somos jovens”

Palestrante, comunicador e entusiasta das gerações. Estuda recursos humanos e empreende nas áreas de Comunicação e Marketing. Criou a primeira agência de marketing do Brasil focada em comunicação geracional (Pós Z Company), sediada em Bragança Paulista, onde atualmente só contrata colaboradores da Geração Z e Geração Alpha. Dedica-se a construir um ecossistema de comunicação geracional para preparar jovens para o mercado de trabalho futuro e conscientizar as empresas para receberem esses jovens com sua nova agenda e visão de mundo.

