Pesquisa mostra recorde histórico de mulheres donas de negócios; trajetória da amazonense Ada Pereira reflete desafios e conquistas no setor
O Brasil alcançou um marco inédito no empreendedorismo feminino: 10,3 milhões de mulheres à frente de negócios, segundo levantamento do Sebrae. O dado reforça a relevância da participação feminina na economia e os impactos positivos de políticas públicas e iniciativas de incentivo.
Da informática à indústria têxtil
A trajetória da empresária amazonense Ada Pereira, fundadora do Ponto da Camisa e Malharia, ilustra esse movimento. Seu primeiro contato com o mundo dos negócios ocorreu ainda na adolescência, na área de informática. Em 2010, abriu sua primeira empresa no segmento de gestão empresarial, enfrentando dificuldades com burocracia e falta de informações de mercado. “Meu negócio cresceu muito da tentativa e erro, de forma empírica”, relembra.
Com o tempo, transformou as dificuldades em aprendizado, recebeu prêmios e passou a ministrar cursos. O reconhecimento culminou no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024, que destacou sua atuação no Amazonas.
Virada com apoio institucional
Um divisor de águas ocorreu quando seu projeto de software de comercialização online foi selecionado pela Finep e pela Fapeam. A iniciativa ganhou visibilidade na Feira Internacional da Amazônia (Fiam), em 2015. Durante o evento, Ada produziu camisas personalizadas para divulgar o e-commerce. A aceitação do público levou à criação do Ponto da Camisa, voltado à indústria têxtil.
Crescimento e impacto social
A empresária destaca que tornar a marca conhecida e enfrentar a escassez de mão de obra qualificada foram grandes desafios. Para superá-los, apostou em inovação de processos, equipamentos e divulgação orgânica. Hoje, além de comandar a empresa, Ada atua em parceria com o Sebrae e associações locais no apoio a microempreendedoras.
“Avançamos muito, mas temos um longo percurso. Não basta oferecer recursos financeiros, é preciso dar visibilidade e capacitação, porque muitos negócios fecham por falta de gestão”, afirma.
Atualmente, o Ponto da Camisa gera mais de 100 empregos diretos e indiretos e mantém duas indústrias, no Amazonas e no Sul do país. “Criamos um ciclo em que o fomento que desenvolve uma empresa retorna em forma de impostos, renda e empregos”, conclui.

