*Por: Léa Rosa

Primeiro vamos relembrar o que significa a sigla ESG?

E – Environment / S – Social / G – Governance traduzindo: Environment é Meio Ambiental; Social a preocupação com a sociedade (sentido amplo) e/ou com a pessoa individualmente considerada (sentido estrito) e Governance é governança corporativa.

Alguns entendem o ESG como uma Gestão Social do Meio Ambiente, o que vamos explicar melhor a seguir.

Mas o que isso tem haver com a minha obra? Eu só vou fazer uma casa ou uma pequena reforma/ampliação, isso não seria aplicado para grandes construtoras ou incorporadoras?

Eu vou te responder afirmando que NÃO e vou demonstrar porquê não!

Quando falamos em Meio Ambiente, não estamos falando apenas em recursos naturais (fauna, flora e biomas diversos), estamos falando num ecossistema como um todo que envolve a interação das pessoas, animais e objetos com os recursos naturais existentes.

Hoje considera-se como elementos do Meio Ambiente não só a natureza em sí, mas todos os componentes que nela convivem: podem ser abióticos como a água, o ar, o solo, a energia ou o meio ambiente é formado por elementos abióticos[i], como a água, o ar, o solo e a energia; por elementos bióticos, como a flora e a fauna; e pela cultura humana, seus valores sociais, políticos, econômicos, científicos, morais, religiosos etc.

Um exemplo dessa utilização na prática é conhecido como “meio ambiente do trabalho”. Hoje, tanto os especialistas em ESG quanto a Medicina e Segurança aplicáveis ao trabalho ou até mesmo o Poder Judiciário, entendem que cuidar do bem estar laboral, da ergonomia do funcionário, proporcionando um ambiente propício e agradável, além de trazer retorno físico (menos faltas por atestado médico) ajudam na produtividade e até na retenção de talentos.

Por exemplo, ao disponibilizar cadeiras confortáveis, móveis e equipamentos e de acordo com as normas aplicáveis a cada situação (NBR/ABNT) e adequados ao trabalho de cada pessoa, seja esse trabalho salubre (escritório, home office) ou insalubre (exposto a riscos como barulho excessivo, acidentes, explosivos, inflamáveis etc) possibilitam ao trabalhador uma melhor condição para sua existência no trabalho e no mundo como um todo.

O descarte inadequado de resíduos da Construção Civil, é um problema de Meio Ambiente na medida em que prejudica a natureza (em especial o solo e a agua) mas agride a comunidade como um todo quando esse resíduo não é tratado mas sim depositado num local qualquer sem triagem e sem a destinação correta (reciclagem, reaproveitamento etc).

E o Social seria apenas a inserção da pessoa em algum ambiente agradável ou produtivo? Resposta NÃO, vai muito além disso!

Social no ESG é trazer a consciência do trabalhador (seja ele autônomo, colaborador sazonal, preposto, eventual, CLT etc) e do empresário (independente se regular ou irregular, se grande ou pequeno, terceirizado ou não, PJ ou PF etc) que eles fazem parte de um todo, todo esse que depende de mútua colaboração, para que os fins sejam atingidos.

Agora com a recente tragédia natural ocorrida no Rio Grande do Sul, conseguimos notar bem esse espírito de colaboração. Enquanto alguns fazem as campanhas de arrecadação de mantimentos e suprimentos, outros organizam essas doações, outros fazem a logística dos locais que precisam das doações, outros procuram veículos para distribuir aos desabrigados, outros montam tendas ou adaptam locais de apoio as vítimas e assim por diante.

Essa situação, guardada as devidas proporções, é semelhante ao que acontece nas cadeias produtivas desenhadas nos modelos clássicos do Fordismo e Toyotismo aonde temos as pessoas fazendo parte das etapas de produção (ou colaboração) e todas com o mesmo propósito: concluir as tarefas com êxito, de forma profissional, adequada com redução de tempo e se possível de custo.

Nesse raciocínio, se a pessoa (trabalhador) se sente inserido, fazendo parte realmente desse processo, o que costumamos dizer “se faz sentido” se ele tem um propósito (num primeiro momento não importa se o propósito é egoísta (só ganhar dinheiro) ou altruísta (ajudar o próximo) mas ele quer fazer parte de alguma forma, isso já é o início da sociabilidade integrativa que se propõe no ESG.

Vou dar um exemplo bem atual: existem diversos grupos de Networking de negócios aonde as pessoas se apresentam para participar de forma voluntaria. As vezes esses grupos são de negócios mas geram ações sociais, tipo arrecadação de mantimentos para um abrigo de idosos ou para uma entidade de crianças com problemas congênitos enfim, num primeiro momento, essas pessoas foram para fazer negócios, o chamado “Networking Profissional” mas, devido a questões de voluntariado ou sensibilidade social, entenderam que fazia sentido também se unirem em prol do bem estar do próximo (porque nunca sabemos na verdade quem será o próximo, um dia podemos ser nós mesmos!).

E, por fim, a tal Governança ou Gestão é fazer tudo isso (Meio Ambiente + Socialização) de uma forma ética, padronizada, auditada ou seja técnica, sem interferência de favorecimentos ou coleguismos pois aqui não há espaço para “jeitinho”, tudo deve ser feito de acordo com as Leis Jurídicas, Técnicas dentro de um bom senso e éticas admitido pelo mercado como um todo.

Sem partidarismos, cuidar do Meio Ambiente, cuidar do próximo e ser ético profissionalmente não é questão de ser de direita ou esquerda, ser amarelo ou vermelho, e sim querer um mundo melhor, começando da minha atitude com relação ao próximo e com relação ao meio em que vivo e convivo!

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