Olá, leitores(as)!
Hoje, vamos abordar um tema essencial para empresas que desejam promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo: a estruturação de um Programa de Saúde Integral. Nos artigos anteriores, discutimos os benefícios dessa abordagem, mas agora é hora de colocar a mão na massa e entender como, na prática, podemos desenvolver e implementar um programa eficaz em qualquer organização.
Passos para Estruturar um Programa de Saúde Integral
1. Diagnóstico Inicial
O primeiro passo é realizar um diagnóstico detalhado da situação atual da empresa. Isso envolve a coleta de dados sobre a saúde dos colaboradores, taxas de absenteísmo, incidentes relacionados ao estresse, entre outros indicadores. Para isso, uma parceria com profissionais de saúde e a utilização de ferramentas de pesquisa e questionários são fundamentais. Um exemplo prático é o uso de instrumentos como o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), que pode ajudar a mapear o nível de estresse entre os colaboradores.
2. Definição de Políticas e Protocolos
Com o diagnóstico em mãos, o próximo passo é definir políticas claras e protocolos que orientarão as ações do programa. Aqui, é fundamental alinhar as diretrizes do programa às necessidades específicas da empresa, estabelecendo metas realistas e mensuráveis. A nova Lei nº 14831/2024 do Governo Federal, que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, oferece um excelente ponto de partida, estabelecendo requisitos que devem ser atendidos para a obtenção da certificação. A adoção dessa certificação pode ser um diferencial competitivo para a empresa, além de contribuir para a promoção de um ambiente de trabalho saudável.
3. Estabelecimento de Parcerias
Nenhuma empresa é uma ilha e, para que o programa seja eficaz, é necessário estabelecer parcerias estratégicas com profissionais de saúde, clínicas especializadas, academias e centros de atenção psicossocial do município (incluindo os especializados em tratamentos para dependentes químicos de álcool e outras drogas, o CAPSAD). Parcerias com clínicas de psicologia, por exemplo, podem garantir que os colaboradores tenham acesso a suporte emocional quando necessário. Além disso, programas de bem-estar físico, como a parceria com academias, podem incentivar hábitos saudáveis entre os funcionários.
4. Implementação Gradual e Acompanhamento
A implementação do programa deve ser feita de forma gradual, começando com ações simples e expandindo conforme a aceitação dos colaboradores e a capacidade da empresa de sustentar o programa. É essencial criar um cronograma de ações e monitorar constantemente os resultados, ajustando o que for necessário. Aqui, o uso de indicadores de desempenho, como a redução do absenteísmo ou a melhoria no clima organizacional, será crucial para medir o sucesso do programa.
Case de Sucesso: Natura (Relatório de Sustentabilidade, 2023)
Um exemplo notável de sucesso no Brasil é o da Natura, que desenvolveu e implementou o programa “Bem Estar Bem”. Esse programa visa promover a saúde integral dos colaboradores por meio de ações focadas no bem-estar físico, emocional e social. A Natura oferece apoio psicológico, programas de atividade física e campanhas de saúde que impactaram positivamente a vida dos funcionários. O resultado foi uma redução significativa nos índices de absenteísmo e uma melhora no clima organizacional, conforme relatado no relatório de sustentabilidade da empresa.
A estruturação de um Programa de Saúde Integral não é apenas uma ação estratégica, mas uma necessidade para empresas que querem crescer de forma sustentável e responsável. A nova Lei nº 14831/2024 traz uma excelente oportunidade para que as empresas demonstrem seu compromisso com a saúde mental de seus colaboradores. Seguindo os passos mencionados – diagnóstico, definição de políticas, estabelecimento de parcerias, implementação gradual e acompanhamento – qualquer empresa pode criar um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e satisfatório para todos.
Nos próximos artigos, continuaremos a explorar as melhores práticas para a manutenção e evolução desses programas. Fique atento e prepare-se para dar mais um passo em direção à saúde integral no seu ambiente de trabalho!
Wander Assumpção tem mestrado profissional em tecnologia e gestão em saúde ocular (Unifesp/SP). É pós-graduando em dependência química pela (FAVENI/ES). Possui especialização em gestão de varejo (Senac/RJ). É bacharel em administração de empresas (FGV/SP). Atuou como gestor de operações em grandes grupos varejistas. Desde 2012 é docente do ensino superior nas FATECs Bragança Paulista e Itatiba. É membro da ISMA – Brasil (International Stress Management Association) e associado à Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD). Palestrante sobre dependência química e intoxicação digital em empresas, instituições e escolas.