Estudo revela que apenas 8% dos brasileiros confiam totalmente nas informações dos rótulos; setor de bebidas alcoólicas lidera demanda por verificação digital
A confiança na procedência das bebidas alcoólicas ainda é um desafio no Brasil. Uma pesquisa inédita conduzida pela Sherlock Comms, empresa especializada em comunicação, pesquisa e marketing, revelou que apenas 8% dos consumidores brasileiros acreditam totalmente nas informações presentes nos rótulos. O dado reforça uma tendência crescente: a busca por transparência e rastreabilidade digital como novas formas de garantir autenticidade e segurança nas relações de consumo.
De acordo com o estudo, 37% dos entrevistados afirmaram que só confiariam nas informações descritas em garrafas de bebidas alcoólicas se pudessem comprová-las por meio de um canal oficial, como um site do governo, enquanto 27% consideram que os rótulos podem ser facilmente falsificados. Essa percepção evidencia uma nova exigência do público: a validação eletrônica como sinônimo de confiança e credibilidade.
A transformação digital, nesse contexto, passa a ser não apenas uma ferramenta de conveniência, mas um elemento central de reputação. Setores como moda e agronegócio já utilizam tecnologias de rastreamento para reforçar a origem e a transparência dos produtos — movimento que agora se estende ao mercado de bebidas.
Quase metade dos brasileiros (47%) declarou querer acesso digital às informações sobre ingredientes e origem dos produtos, por meio de QR Codes ou plataformas online. O interesse é ainda mais acentuado entre Baby Boomers (59%) e entre o público feminino (51%, contra 43% dos homens), demonstrando que a preocupação com procedência não se restringe às gerações mais jovens.
Além disso, 40% dos consumidores gostariam de receber alertas de contaminação e 33% valorizam informações sobre a reputação do produtor — indicadores que, antes, eram considerados diferenciais de marca, mas agora representam atributos essenciais de confiança.
Na percepção dos consumidores, a presença de um selo de fiscalização da fábrica (45%) é o principal fator para aumentar a credibilidade, seguido por campanhas antifalsificação (42%) e pela possibilidade de rastrear a origem via QR Code (38%), número que sobe para 42% entre os Millennials, a geração mais digitalmente conectada.
Apesar de reconhecerem que a responsabilidade pela autenticidade é compartilhada, os entrevistados atribuem o papel principal ao governo (55%), seguido pelas destilarias (22%) e pelos bares e estabelecimentos (18%).
Para Rafael Mandia, COO da Blockforce, a rastreabilidade já se tornou parte indispensável da estratégia de mercado:
“A rastreabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser um requisito básico. À medida que o consumidor exige mais transparência, as empresas têm a oportunidade de transformar dados em valor, criando cadeias mais inteligentes, seguras e sustentáveis.”
Entre os produtos cuja origem os consumidores mais gostariam de rastrear, as bebidas lideram o ranking (92%), seguidas por alimentos (89%), medicamentos (88%) e cosméticos (65%). Segundo Mandia, o comportamento reflete uma mudança cultural mais ampla:
“Esses dados refletem um movimento semelhante ao que já se observa em segmentos como o de alimentos — especialmente carnes e insumos agrícolas voltados à exportação — e o de cosméticos. É uma mudança na relação entre marcas e consumidores, baseada em transparência e comprovação.”
Metodologia
A pesquisa foi realizada no dia 7 de outubro de 2025, com 506 respondentes de todas as regiões do Brasil. O levantamento incluiu 113 pessoas da Geração Z (18 a 28 anos), 206 da Geração Millennial (29 a 44 anos), 143 da Geração X (45 a 60 anos) e 44 da Geração Baby Boomer (61 a 79 anos). No total, 262 entrevistados eram mulheres e 244 homens. A coleta foi feita por meio de formulário online.

