O título deste texto pareceu exótico? Se “sim”, logo deixará de ser. Vejamos.

A Física descreve histerese como a propriedade de um material manter características, apesar de não mais receber os estímulos que as criaram, isto é, cessada a causa, o efeito continua. O termo é utilizado em textos de circulação mais restrita, na área de negócios, normalmente tratando de pautas econômicas, sociais e políticas. Em conversas mais abertas, que incluam público não familiarizado com o jargão de Economia, alguns termos e expressões são evitados, a fim de se evitarem ruídos na comunicação. No ambiente empresarial, entretanto, esse cuidado deixa de ser presumido como necessário.

Desemprego, não sem motivo, é uma grande preocupação em nosso país. Em 31/3/22, o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, que nos permitiu conhecer a taxa brasileira de desemprego, no trimestre móvel dez/21-fev/22: 11,2%, equivalentes a 12 milhões de pessoas! Algo menor que no trimestre móvel anterior, mas ainda muito alta. Se essa condição se arrastar por muito tempo, além dos problemas mais imediatos e óbvios, poderá gerar danos graves e obstáculos para a recuperação dos saudáveis níveis de emprego. Um desses “danos graves” é a perda de habilidades por parte dos trabalhadores, afinal dois ou três anos sem exercer sua profissão podem levar esse trabalhador à desatualização, à falta ou perda parcial e temporária de destreza. Havendo a retomada de condições favoráveis ao retorno dos empregos, se as contratações não acontecerem, estará instalada a histerese – econômica, nesse caso.

É bastante conhecida dos economistas a Curva de Phillips, um gráfico que mostra a relação inversa (correlação negativa) existente entre taxas de desemprego (representadas no eixo horizontal) e taxas de inflação (representadas no eixo vertical), no curto prazo. Posicionando-se taxas de inflação e de desemprego no gráfico, será verificado que o aumento da taxa de desemprego causa redução na taxa de inflação e vice-versa. Não é exercício dos mais simples, para os países, determinarem uma taxa de desemprego, que seja capaz de manter a inflação estacionária, isto é, sem alteração para maior ou para menor. Essa taxa a ser conhecida é a Taxa de Desemprego de Equilíbrio, que em inglês é Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment, conhecida por seu acrônimo NAIRU. Assim, para reduzir inflação, a taxa de desemprego deverá estar acima da NAIRU e, se o objetivo for aumentar inflação, a NAIRU deverá superar a taxa de desemprego. Lembre-se, todo esse argumento considera, apenas, o curto prazo.

Em próximas oportunidades que você ouvir/ler alguma referência à NAIRU ou à histerese, será mais fácil compreender a mensagem; não será?

Até breve!

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *