Relatório global aponta crescimento acelerado dos jogos-plataforma, que se consolidam como espaços de criatividade, socialização e distribuição direta ao consumidor

O mercado global de videogames movimentou US$ 219 bilhões em 2024 e deve crescer 4% ao ano até 2028, segundo o relatório Breaking Boundaries to Win, da Bain. O estudo mostra que a maior fatia desse avanço está concentrada em jogos em estilo plataforma — que oferecem mundos expansivos, recursos de comunidade e ferramentas para criadores — registrando crescimento de usuários de 10% a 20% ao ano.

“Os jogos mais populares não são apenas entretenimento, são plataformas para criatividade, socialização e narrativa. O agricultor do futuro será, ao mesmo tempo, produtor rural e agente ativo do mercado de energia”, avalia Luis Diez, sócio da Bain.

O levantamento revela que títulos baseados em conteúdo gerado por usuários (UGC) e ecossistemas multimídia estão atraindo jogadores, criadores e marcas, tornando-se o novo “centro de gravidade” da indústria. Em contrapartida, grandes estúdios AAA enfrentam custos crescentes e margens menores, enquanto desenvolvedores independentes cresceram 22% ao ano em receitas de jogos para PC entre 2018 e 2024 — quase três vezes mais do que as grandes produtoras.

A pesquisa ouviu mais de 5 mil jogadores em seis países, incluindo o Brasil. Quase metade dos criadores disse ter aumentado o tempo dedicado à produção de conteúdo dentro dos games em relação a 2024. Entre jovens de 2 a 17 anos, a probabilidade de jogar os mesmos títulos que os amigos é 20 pontos percentuais maior, evidenciando a força da socialização no setor.

O estudo também destaca a mudança no modelo de distribuição. Hoje, 24% dos jogadores descobrem novos jogos por influenciadores, contra apenas 12% nas lojas digitais tradicionais. Desenvolvedores, em resposta, ampliam a venda direta ao consumidor (D2C), que já representa 44% da receita dos jogos mobile mais rentáveis.

Outro destaque é a integração com outras mídias. Um quarto do tempo que jogadores dedicam a conteúdos externos está ligado a propriedades intelectuais de games, como séries e produtos licenciados. Adaptações bem-sucedidas em cinema e TV chegam a elevar em até 69% o número de usuários simultâneos dos jogos originais.

Segundo a Bain, o futuro do setor depende da capacidade de criar experiências integradas e sustentáveis. “A reinvenção não é opcional – é o único caminho para a relevância em uma indústria que está sendo reescrita de ponta a ponta”, conclui Diez.

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