A expressão inglesa é bem conhecida no ambiente acadêmico e pode ser livremente traduzida como “aprender fazendo”, ou, em bom, claro e informal português, “aprender colocando as mãos na massa”. Trata-se de um método de ensino em que o  aluno é levado a trabalhar com projetos, desde sua elaboração, passando por sua gestão, com o objetivo de implementá-lo, como solução de demandas. Isso posto, podemos voltar para a Economia.

Lá em 23 de setembro, escrevi, neste espaço, “Insisto em que, necessariamente por prudência, não apaguemos uma Selic de 14,0 % a.a. de nossos radares” [grifei].  Naquele mesmo texto, apresentei a vocês minha sugestão de que “Não nos esqueçamos da questão fiscal brasileira, um pouco fora das luzes há menos de 10 dias do 1º. Turno das eleições e pode não haver coincidência nisso. Essa pauta (a fiscal) é muito sensível e está batendo à nossa porta, juntamente com um cenário global muito ruim. Nossos empresários não devem, sob meu ponto de vista, descuidar dessas ameaças, pois elas são reais e potencialmente poderosas.” . [grifei]

No texto seguinte, publicado em 7 de outubro, escrevi “…tenho sugerido cautela e decisões limitadas às que sejam inadiáveis ou de baixo risco associado. Aí está um fator muito influente no risco empresarial: a impossibilidade de planejar por mais tempo, com mais informações…” .[grifei]

Os alertas prosseguiram no texto de 21 de outubro, quando comentei “Atenção! O último Relatório Prisma aponta, para 2022, expectativa de superávit fiscal de R$ 40 bilhões (Governo espera R$ 13,5 bilhões) e, para 2023 ….. déficit de R$ 57,8 bilhões (Governo estima o déficit em R$ 65,9 bilhões). Mais um alerta sobre 2023/1!” [grifei] O Relatório Prisma mais recente, publicado em 11 de novembro, mostrou a expectativa do déficit/2023 reajustada para R$ 92,6 bilhões – 60,2% a mais do que o mostrado no Relatório de outubro!

Veio a publicação desta coluna em 4 de novembro. Lá escrevi: “A única certeza de todos conhecida é: o desafio para domar o déficit fiscal, mantendo as (ou algumas) promessas de campanha será enorme. (…) Os dois parágrafos anteriores, combinados, fundamentam a repetição, independentemente do resultado da eleição presidencial, da expectativa de que o nível de juros permaneça alto no Brasil, em grande parte de 2023/1 ou em todo o semestre.”

Iniciados os trabalhos de transição de governo, ficou clara a dificuldade (orçamentária), por parte da presidente  eleito, de cumprir promessas de campanha, particularmente a manutenção do que voltará a ser o Bolsa Família, com algum incremento. Por conta disso, surgiu  a chamada “PEC do Estouro”, que pretende “excepcionalizar” R$ 175 bilhões, em relação ao teto de gastos, o que já elevaria nossa dívida pública para aproximadamente 97,0% do PIB (hoje representa 76,0%). Adicionalmente, a PEC sugere que até R$ 23 bilhões possam ser redirecionados para investimentos – assim, o “estouro” passaria a ser de R$ 198 bilhões, mas não acaba assim; deverão ser sugeridos, também, que alguns valores em doações a universidades e fundos relacionados à sustentabilidade ambiental, não sejam considerados para cumprimento do “teto”.

Temos visto o ocorrido com mercados financeiros nacionais – mercado de capitais e cambial, em particular. Nesta semana, começaram os rumores sobre alta da Meta da Taxa Selic em próximas reuniões do COPOM (Lembram-se dos 14%, a que me referi, no 2º. Parágrafo deste texto?). Todos os resgates que faço hoje, mais a menção às novas e preocupantes pautas, têm a intenção de mostrar o quão importante é o estudo de cenários. Notemos que alguns movimentos hoje conhecidos foram comentados aqui há, ao menos, dois meses. Paranormalidade? Não! É interpretação de dados que a Economia fornece.

Convido-os a acompanhar os próximos textos, simultaneamente ao noticiário. Assim, poderão julgar interessante, esse tal de “learning by doing”.

Até breve!

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