Estudo revela que executivos no país se diferenciam do estereótipo global e valorizam disciplina, hierarquia e padrões de conduta

Uma pesquisa realizada pela Hogan Assessments, em parceria com a Ateliê RH, aponta que os líderes brasileiros apresentam um perfil mais tradicional, disciplinado e orientado a regras, em contraste com o estereótipo de informalidade comumente associado ao país. O levantamento se baseou em dados de mais de 2.800 executivos comparados a benchmarks globais.

Tradição como marca do estilo de liderança
De acordo com o estudo, a valorização da tradição se destacou entre os executivos brasileiros, com diferença de 13 pontos percentuais em relação à média global. Essa característica indica preferência por estruturas formais, condutas bem estabelecidas e métodos considerados “corretos” de execução. “Líderes com alta pontuação em Tradição valorizam convenções, padrões e a tomada de decisões orientada por princípios”, explica Roberto Santos, sócio-diretor da Ateliê RH.

Na outra ponta, o motivador com menor relevância foi o Hedonismo, oito pontos abaixo do benchmark global. Isso sugere que os executivos nacionais preferem ambientes de trabalho formais e profissionais, com menor ênfase em diversão ou espontaneidade.

Ambição e prudência em destaque
O Inventário Hogan de Personalidade (HPI) revelou que os líderes brasileiros apresentam pontuação ligeiramente mais alta em Ambição, além de forte resultado em Prudência, 12 pontos acima da média global. Essa combinação reforça um estilo de liderança orientado a metas ousadas, mas com foco em processos, organização e conformidade.

Por outro lado, essa união também pode gerar percepções de rigidez, inflexibilidade e competitividade excessiva em contextos de alta pressão. “A liderança brasileira frequentemente reflete uma cultura de hierarquia, adesão a regras e decisões centralizadas, equilibrada pela resiliência para lidar com ambientes complexos”, avalia Santos.

Pontos de atenção sob pressão
O estudo também mostrou que a arrogância é o traço que mais se destaca negativamente, com 12 pontos acima da média global. Líderes que pontuam alto nesse aspecto tendem a se tornar excessivamente confiantes e resistentes a feedback. Ainda assim, os executivos brasileiros também foram avaliados como acessíveis, empáticos e atentos às necessidades de suas equipes, com menor índice de comportamento reservado em comparação ao benchmark global.

Implicações para as organizações
Segundo Santos, os resultados reforçam a necessidade de reflexão sobre os estilos de liderança no Brasil. “Embora o comando e controle predomine, é essencial compreender que abrir espaço para feedback e contribuições não significa perda de autoridade. Pelo contrário, pode fortalecer a influência e a capacidade de engajamento do líder”, afirma.

Metodologia
A pesquisa utilizou três instrumentos da Hogan Assessments: o HPI (Inventário Hogan de Personalidade), o HDS (Inventário Hogan de Desafios) e o MVPI (Inventário de Motivos, Valores e Preferências). Foram analisados 2.800 testes respondidos por executivos brasileiros em 2023, comparados a dados de referência globais.

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